Três dias depois de ser destituído do cargo em um julgamento relâmpago de impeachment, o ex-presidente peruano Martín Vizcarra questionou nesta quinta-feira a legalidade e legitimidade do novo governo de Manuel Merino e pediu a seus compatriotas que protestassem pacificamente nas ruas
Três dias depois de ser destituído do cargo em um julgamento relâmpago de impeachment, o ex-presidente peruano Martín Vizcarra questionou nesta quinta-feira a legalidade e legitimidade do novo governo de Manuel Merino e pediu a seus compatriotas que protestassem pacificamente nas ruas.
"A legalidade está em questão e a legitimidade, que é dada pelo povo, estamos vendo nas ruas" com as manifestações contra Merino, disse Vizcarra a jornalistas ao entrar no Ministério Público para depor sobre a causa da suposta corrupção apresentada pelo Congresso para destituí-lo na segunda-feira.
"Até a OEA requisitou a decisão do Tribunal Constitucional" sobre a legalidade da destituição, afirmou o popular ex-presidente, referindo-se a nota da Secretaria-Geral de Luis Almagro.
"Estamos preocupados com a situação política no Peru", ressaltou Vizcarra, um político que não tem partido nem bancada no Congresso, embora receba níveis recordes de apoio dos cidadãos, segundo as pesquisas.
Vizcarra defendeu o direito dos peruanos de protestar contra Merino, algo que ocorre nas ruas de Lima e outras cidades diariamente desde terça-feira, e pediu que as manifestações sejam pacíficas.
"Temos que fazer um apelo à população para que se expresse pacificamente (...), as manifestações têm que ser permitidas", disse ele a poucas horas de novas manifestações convocadas em Lima e outras cidades.
"A resposta está sendo dada pelas pessoas [nas ruas] ao Sr. Merino", acrescentou.
"E também pedimos à Polícia Nacional que respeite as manifestações", disse, afirmando que desde a posse do novo governo "temos visto agora uma polícia agressiva".
Vizcarra compareceu ao Ministério Público prestar depoimento sobre as denúncias de ter recebido propina para autorizar obras públicas quando era governador da região sul de Moquegua, em 2014.
Por causa disso ocorreu sua destituição, embora Vizcarra negue ter recebido suborno, estimado em US$ 600 mil, segundo a denúncia.
Vizcarra garantiu que não deixará o país, não se refugiará em embaixada nem será hospitalizado para evitar investigações do MP.
ljc/fj/rsr/bn