INTERNACIONAL

Vizcarra questiona legitimidade do novo governo peruano e convoca protestos

Três dias depois de ser destituído do cargo em um julgamento relâmpago de impeachment, o ex-presidente peruano Martín Vizcarra questionou nesta quinta-feira (12) a legalidade e legitimidade do novo governo de Manuel Merino e pediu a seus compatriotas que protestassem pacificamente nas ruas

AFP
12/11/2020 às 17:17.
Atualizado em 24/03/2022 às 08:25

Três dias depois de ser destituído do cargo em um julgamento relâmpago de impeachment, o ex-presidente peruano Martín Vizcarra questionou nesta quinta-feira (12) a legalidade e legitimidade do novo governo de Manuel Merino e pediu a seus compatriotas que protestassem pacificamente nas ruas.

"A legalidade está em questão e a legitimidade, que é dada pelo povo, estamos vendo nas ruas" com as manifestações contra Merino, disse Vizcarra a jornalistas ao entrar no Ministério Público para depor sobre a causa da suposta corrupção que o destituiu.

Na noite de segunda-feira, o Congresso demitiu Vizcarra por "incapacidade moral" no encerramento de um segundo julgamento político contra ele em menos de dois meses, após denúncias de que ele havia recebido propina para autorizar obras públicas quando era governador da região sul de Moquegua, em 2014, acusações negadas por ele.

"Até a OEA requisitou a decisão do Tribunal Constitucional" sobre a legalidade da destituição, afirmou o popular ex-presidente, referindo-se a um comunicado do secretário-geral, Luis Almagro.

"Estamos preocupados com a situação política no Peru", ressaltou Vizcarra, um político que não tem partido nem bancada no Congresso, embora receba níveis recordes de apoio dos cidadãos, segundo as pesquisas.

Vizcarra defendeu o direito dos peruanos de protestar contra Merino, algo que ocorre nas ruas de Lima e outras cidades diariamente desde terça-feira, e pediu que as manifestações sejam pacíficas.

"Temos que fazer um apelo à população para que se expresse pacificamente (...), as manifestações têm que ser permitidas", disse ele a poucas horas de novas manifestações convocadas em Lima e outras cidades.

"A resposta está sendo dada pelas pessoas [nas ruas] ao Sr. Merino", acrescentou.

"E também pedimos à Polícia Nacional que respeite as manifestações", disse, afirmando que com o novo governo "temos visto agora uma polícia agressiva".

Vizcarra compareceu ao Ministério Público prestar depoimento sobre as denúncias de ter recebido suborno, estimado em US$ 600 mil, segundo a denúncia. Algumas horas depois, ele deixou o local sem fazer declarações.

A imprensa local disse que o MP solicitou à Justiça que proíba-o de deixar o país por 18 meses, enquanto ocorrem as investigações.

Vizcarra garantiu que não deixará o país, não se refugiará em embaixada nem será hospitalizado para evitar investigações do MP.

Merino, o ex-presidente do Congresso que assumiu o cargo na última terça-feira, deve terminar a formação do seu gabinete na quarta-feira, em meio às preocupações do mercado sobre o risco de uma tendência populista do novo governo antes das eleições gerais de abril de 2021.

Na quarta-feira, ele nomeou Antero Flores-Aráoz, um político conservador veterano, como chefe de gabinete.

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