INTERNACIONAL

Vitória de Arce causa inquietação e medo nos bolivianos anti-Evo

A vitória eleitoral esmagadora do esquerdista Luis Arce causou inquietação e até incredulidade em setores da direita na Bolívia: uns alegam "fraude" e outros temem que o retorno de Evo Morales ao país gere outra revolta social

AFP
21/10/2020 às 20:05.
Atualizado em 24/03/2022 às 10:14

A vitória eleitoral esmagadora do esquerdista Luis Arce causou inquietação e até incredulidade em setores da direita na Bolívia: uns alegam "fraude" e outros temem que o retorno de Evo Morales ao país gere outra revolta social.

Em repúdio à eleição de Arce como presidente, centenas de pessoas protestaram na terça-feira na cidade de Santa Cruz, a cidade mais rica da Bolívia e reduto do candidato de direita, Luis Fernando Camacho.

Também houve outro protesto em Cochabamba (centro), um tradicional reduto de Morales, e em Santa Cruz os manifestantes gritavam "Fraude, fraude!".

Os protestos "acontecem pela frustração que sentem ao ver suas expectativas político-ideológicas frustradas", explica o analista político Carlos Borth à AFP.

Na zona sul de La Paz, epicentro dos protestos que levaram à renúncia de Morales há 11 meses, o desânimo se faz sentir nas ruas.

"Honestamente, o que pensei é que havia fraude. Foi um choque de realidade", disse à AFP Pablo Acosta, de 32 anos, proprietário de um estúdio de tatuagem.

Mas não há indícios de fraude a favor de Arce. As eleições foram conduzidas por um tribunal eleitoral selecionado após a saída de Morales, e a contagem oficial - embora lenta - vem confirmando as projeções feitas por dois institutos de pesquisa privados na noite das eleições.

Além disso, a votação foi supervisionada por ao menos quatro missões de observadores internacionais - como da OEA, da União Europeia e do Carter Center -, sem qualquer questionamento, ao contrário do que aconteceu nas eleições de 2019, vencidas por Morales e depois anuladas.

A campanha e a votação ocorreram sob um governo de direita, não de esquerda.

A própria presidente interina, Jeanine Áñez, que substituiu Morales após sua renúncia e declarada inimiga do Movimento pelo Socialismo (MAS) do líder indígena, reconheceu rapidamente a vitória de Arce na noite de domingo.

O mesmo foi feito nesta segunda-feira pelo candidato centrista, Carlos Mesa - que ficou em segundo na votação - que afirmou que a vitória do rival não é discutível.

"O resultado (...) é muito forte e muito claro", disse.

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