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Vírus e finanças: cartografia da crise nos mercados

Diante da epidemia de coronavírus que assola o mundo e a economia, os mercados financeiros não foram deixados de fora e perderam quantias colossais nas últimas semanas

AFP
27/03/2020 às 12:06.
Atualizado em 31/03/2022 às 06:27

Diante da epidemia de coronavírus que assola o mundo e a economia, os mercados financeiros não foram deixados de fora e perderam quantias colossais nas últimas semanas.

A seguir uma pequena cartografia dessa crise sem precedentes e de suas principais áreas de tensão, começando com a dívida das empresas.

"Nenhum crash se assemelha aos anteriores, mas essa crise não tem precedentes, pois é realmente um golpe externo para os mercados", explica Didier Saint-Georges, membro do comitê de investimentos de Carmignac.

Em média, as ações globais perderam 30% de seu valor, significando "cerca de US$ 27,6 trilhões, pelo menos, mas ganharam cerca de US$ 4 trilhões desde terça-feira", estima Daniel Morris, estrategista da BNP Paribas Asset Management.

E diante de uma crise extraordinária, são necessárias respostas extraordinárias.

Os bancos centrais não apenas colocaram quantias vertiginosas sobre a mesa, mas também acabaram com tudo o que poderia impedi-los de agir em todas as frentes.

Quando o Fed suspendeu a proibição de comprar dívida corporativa, o BCE teve a oportunidade de comprar uma grande parte da dívida italiana.

"Isso não tem limites. O Fed pode até, através de mecanismos financeiros, comprar indiretamente empréstimos estudantis", ressalta Eric Vanraes, gerente do banco suíço Eric Sturdza.

Isso também permitiu impor um pouco de calma ao mercado da dívida.

Os governos também não ficaram atrás e os países lançaram planos de longo alcance para tentar lidar com as consequências econômicas da COVID-19.

Segundo a opinião geral, o ponto mais crítico corresponde ao endividamento das empresas. A queda nos custos de empréstimos nos últimos anos levou as empresas a tomar muitos empréstimos. No entanto, a brutal interrupção da atividade põe em risco numerosas estruturas e faz com que as taxas de juros subam rapidamente.

Os bancos centrais estão de olho na situação, mas todos temem uma onda de degradação pelas agências de classificação.

Alguns querem acreditar que essas agências "não se comportarão como piromaníacas", mas outros pensam que, depois de serem acusadas de não prever a crise de 2008, "redobrarão os esforços".

De fato, a Standard and Poor"s e a Moody"s já começaram a lançar notas e perspectivas, principalmente nos setores automotivo e de aviação.

A questão principal é saber quantos grupos se enquadram nas categorias especulativas e se tornarão o que o mercado chama de "anjos caídos", o que levaria muitos investidores a dar as costas a eles por medo de falência, entre outros motivos.

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