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Verão 2020 e a corrida para Marte

Neste verão (hemisfério norte), os terráqueos têm um compromisso com Marte: três missões de exploração devem partir em direção ao Planeta Vermelho, com a esperança, cada vez mais concreta, de detectar sinais de uma vida passada e, no futuro, pousar no planeta

AFP
10/07/2020 às 08:04.
Atualizado em 25/03/2022 às 23:31

Neste verão (hemisfério norte), os terráqueos têm um compromisso com Marte: três missões de exploração devem partir em direção ao Planeta Vermelho, com a esperança, cada vez mais concreta, de detectar sinais de uma vida passada e, no futuro, pousar no planeta.

O ciclo da mecânica celeste oferece uma oportunidade a cada 26 meses, quando a distância entre Marte e a Terra é menor que o habitual, o que facilita esse trajeto de 55 milhões de quilômetros. Ainda assim, são seis meses de viagem.

Três países estão no grid de largada. Emirados Árabes Unidos será o primeiro, com o lançamento em 15 de julho da primeira sonda árabe interplanetária da história, "Al Amal" ("Esperança"). Seu objetivo é estudar a atmosfera do planeta. Em seguida, será a vez da China, que também celebrará seu bautismo marciano com a "Tianwen" ("Perguntas ao céu"), com uma sonda e um pequeno robô guiado por controle remoto, entre 20 e 25 de julho.

A missão mais ambiciosa é a dos Estados Unidos, "Marte 2020". Será lançada em 30 de julho para levar o rover Perseverance, o que marcará o início de um programa gigantesco de retirada de mostras para seu transporte à Terra. Uma etapa crucial na busca de vida.

Estava prevista uma quarta iniciativa russo-europeia, "ExoMars", com um robô de perfuração, mas a iniciativa foi adiada até 2022, devido à pandemia de coronavírus.

A corrida ao Planeta Vermelho não é nova. Nosso vizinho mais próximo recebeu desde os anos 1960 dezenas de sondas automáticas, em sua maioria americanas, em órbita, ou no solo, mas várias iniciativas fracassaram.

Desde os anos 2000, com a descoberta de que no passado existiu água líquida em sua superfície, o interesse pelo planeta disparou e virou uma prioridade da exploração espacial.

"É o único planeta, no qual temos a possibilidade de detectar uma forma de vida passada. E, quanto mais conhecimento acumulamos, mais promissor será o lugar", explica à AFP Michel Viso, ex-biólogo do CNES, a agência espacial francesa que projetou um dos principais instrumentos do rover Perseverance da Nasa.

Estados Unidos, Europa, Índia, China e Emirados tentam somar pontos na busca, para projetar seus nomes como potência científica e espacial. Em 2024, será a vez do Japão, que enviará uma sonda para explorar Fobos, uma das luas de Marte.

Com outro sonho em mente, mais distante: "contribuir para a aventura da exploração humana em Marte, que representa a próxima fronteira para o homem, em 20, 30, ou 40 anos", comenta Michel Viso.

Os Estados Unidos examinam seriamente a possibilidade de voo tripulado a Marte. É o o único país que organizou estudos detalhados sobre a viabilidade, mas outros podem entrar como sócios na aventura.

Os Emirados Árabes cogitam a construção de uma "Cidade da Ciência" que reproduziria as condições do meio ambiente de Marte, com o objetivo de estabelecer uma colônia humana até 2117.

O planeta se tornou um enorme deserto congelado, que perdeu sua atmosfera densa após uma gigantesca mudança climática, há cerca de 3,5 bilhões de anos, e não está mais protegido da radiação cósmica. Portanto, não é "habitável", nem poderia ser transformado em uma "nova Terra".

A questão é saber se já foi habitado no passado, quando tinha as condições para uma vida metabólica - com micróbios, por exemplo.

"Há quatro bilhões de anos, as condições na superfície eram muito próximas ao que havia na Terra, quando surgiu a vida, com uma atmosfera densa, de água líquida", afirma Jorge Vago, cientista-chefe da ExoMars, na Agência Espacial Europeia (ESA).

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