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Uma década após Fukushima, indústria nuclear do Japão segue estagnada

Dez anos após o desastre de Fukushima, a indústria nuclear do Japão continua incapacitada, com a maioria dos reatores do país parados ou a caminho da desativação

AFP
04/03/2021 às 06:33.
Atualizado em 22/03/2022 às 10:06

Dez anos após o desastre de Fukushima, a indústria nuclear do Japão continua incapacitada, com a maioria dos reatores do país parados ou a caminho da desativação.

O governo ainda espera revitalizar o setor, tanto para reduzir a dependência de energia importada, quanto para ajudar a alcançar a meta de neutralidade de carbono até 2050.

Cerca de 5 mil pessoas ainda trabalham diariamente na usina nuclear de Fukushima Daiichi, onde quatro reatores foram severamente danificados em 11 de março de 2011 pelo tsunami desencadeado por um poderoso terremoto.

Emaranhados de sucata de metal ainda podem ser vistos espalhados em partes do local, inclusive em cima do reator 1, cujo telhado explodiu durante o acidente.

Ao todo, três reatores derreteram no desastre e, mesmo uma década depois, contadores Geiger apitam sem parar por todo o local.

Até agora, os arredores dos reatores foram liberados, novos diques de concreto foram construídos e tubos de combustível intactos foram removidos com guindastes gigantes.

A parte mais difícil, porém, está por vir: extrair quase 900 toneladas de combustível derretido misturado com outros detritos altamente radioativos.

O desenvolvimento no Reino Unido de um braço robótico especial para a operação foi atrasado pela pandemia, adiando o início do processo de extração em um ano, até 2022.

Mas isso é apenas um detalhe em um processo de desativação que deve levar de 30 a 40 anos, na melhor das hipóteses.

Um poderoso terremoto de magnitude 7,3 que atingiu a região durante a noite em 13 de fevereiro não provocou um tsunami nem causou grandes danos, inclusive na usina de Fukushima.

No entanto, isso provocou a queda dos níveis de água de resfriamento em vários reatores, mas a Tepco disse que o efeito foi limitado porque a água fica em um sistema fechado que não infiltra o ambiente ao redor.

A água subterrânea das montanhas do entorno que vaza para o subsolo abaixo dos reatores e se torna radioativa já foi um grande problema, que foi mitigado por uma "parede de gelo" com 30 metros de profundidade e 1,5 quilômetros de comprimento, concluída em 2018.

Mas a chuva e a água de outros lugares usadas para resfriamento continuam sendo um problema, com cerca de 140 metros cúbicos de água radioativa gerados por dia em 2020.

A água contaminada é filtrada para remover a maioria dos nucleídeos radioativos, exceto o trítio. Por enquanto, ela é mantida em centenas de tanques azuis, cinza e bege no local, mas o espaço está acabando.

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