INTERNACIONAL

Um novo 11 de setembro: os brutais efeitos psicológicos do coronavírus

A pandemia de coronavírus mergulhou o mundo em território inexplorado e deixou as pessoas desamparadas diante de uma ameaça de duração desconhecida que pode infectar qualquer um

AFP
03/04/2020 às 09:40.
Atualizado em 31/03/2022 às 04:46

A pandemia de coronavírus mergulhou o mundo em território inexplorado e deixou as pessoas desamparadas diante de uma ameaça de duração desconhecida que pode infectar qualquer um.

Durante o surto que gera incerteza e está causando uma profunda crise econômica, social e de saúde, um exército de terapeutas ajuda as pessoas a lidar com as brutais consequências psicológicas da pandemia.

Somente nos Estados Unidos, o vírus afetou a saúde mental de metade da população, de acordo com uma pesquisa da Kaiser Family Foundation divulgada na quinta-feira.

"As pessoas estão experimentando níveis muito altos de ansiedade", diz Sonya Lott, psicóloga da Filadélfia especializada em lidar com o luto, que é exatamente o que ela acredita que o mundo está experimentando.

"É o medo do desconhecido, pois nunca tivemos uma situação como essa antes", acrescenta, descrevendo uma sensação de profunda perda em muitos níveis, à medida que a pandemia continua sua marcha implacável em todo o mundo.

"A única coisa que experimentamos nos Estados Unidos que chegou perto dessa pandemia é 11 de setembro", disse Lott, referindo-se aos ataques terroristas de 2001 nos Estados Unidos. "E mesmo assim, podíamos correr para casa, ficar juntos e nos abraçar. Agora nem deveríamos estar abraçando em casa".

Holly Daniels, psicoterapeuta e diretora de assuntos clínicos da Associação de Terapeutas Matrimoniais e Familiares da Califórnia, que representa 32.000 profissionais de saúde mental, diz que viu um aumento significativo no número de pessoas que procuram ajuda desde o início do surto do vírus.

Também houve um aumento no número de chamadas para linhas diretas de suicídio, embora as estatísticas ainda não estejam disponíveis, acrescenta.

"Ficar em casa é mais seguro com o coronavírus, mas para muitos indivíduos, a casa não é um lugar seguro", diz Daniels. "As taxas de suicídio vão subir porque as pessoas estão sozinhas e isoladas, e estar em casa é realmente uma situação insegura para elas".

Segundo ela, os terapeutas, que agora precisam realizar suas sessões on-line, estão tomando muito cuidado para monitorar de perto seus clientes vulneráveis e estão usando as mídias sociais para compartilhar recursos e orientações disponíveis.

Daniels e Lott concordam que o melhor conselho para lidar com esses tempos caóticos é permanecer no presente, fazer meditação, exercitar-se e reunir-se com amigos e entes queridos por aplicativos on-line para aliviar a ansiedade.

"Eu tento manter as pessoas o mais próximo possível. Nesse momento tenho comida, meus entes queridos estão seguros, tenho um emprego", diz Lott.

Limitar a exposição a notícias na televisão e nas mídias sociais também é uma maneira de acalmar seus nervos, de acordo com especialistas.

Mas, apesar de todo o pessimismo, Daniels assegura que a pandemia também tem consequências positivas, como a oportunidade de enfrentar realidades emocionais como nunca antes.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por