Um ano depois do "imbróglio" da oferta de Donald Trump para comprar a Groenlândia, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, viajou para a Dinamarca nesta quarta-feira (22), onde enfatizou "a nova competição" no Ártico, referindo-se aos objetivos das grandes potências nessa região, incluindo a China
Um ano depois do "imbróglio" da oferta de Donald Trump para comprar a Groenlândia, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, viajou para a Dinamarca nesta quarta-feira (22), onde enfatizou "a nova competição" no Ártico, referindo-se aos objetivos das grandes potências nessa região, incluindo a China.
Após uma primeira parada no Reino Unido na terça-feira, onde alertou o mundo sobre a ameaça chinesa, novo grande rival dos EUA, o ex-chefe da CIA e muito próximo de Trump continuou na mesma linha, pedindo aos países que fazem fronteira com o Ártico que defendam os valores de "liberdade, transparência, soberania e estabilidade".
"Essa missão é ainda mais urgente diante da nova competição na região de países que nem sempre ou nunca respeitam as regras", disse em coletiva de imprensa.
A China, que é membro observador do Conselho do Ártico desdde 2013, se considera uma potência "próxima ao Ártico" e quer desenvolver uma "rota da seda polar".
Empresas chinesas estabeleceram o objetivo de construir ou reformar aeroportos, que são essenciais no litoral da Groenlândia. O primeiro-ministro groenlandês, Kim Kielsen, viajou para Pequim para discutir a oferta.
Nesta quarta-feira, depois de sua passagem pelo Reino Unido, Pompeo chegou a Copenhague às 10h locais (5h em Brasília).
De manhã, ele se reuniu com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, em sua residência oficial em Marienborg, a 1 km de Copenhague.
Ele também se reunirá com o ministro das Relações Exteriores Jeppe Kofod, que também convidou para o encontro as autoridades da Groenlândia e das Ilhas Faroe para essa mesma pasta. Ambos são territórios dinamarqueses.
"Como vamos falar sobre o nosso relacionamento no Ártico, naturalmente meus colegas da Groenlândia e das Ilhas Faroe precisam estar sentados à mesa. Eu atribuo uma importância crucial a isso", disse Kofod.
A Dinamarca, que considera os Estados Unidos como seu "aliado mais próximo", de acordo com o ministro, apoia há 20 anos a relação de Washington, através por exemplo do envio de tropas ao Afeganistão e ao Iraque, ou participando da intervenção militar na Líbia.
Essas boas relações se viram afetadas em agosto passado por uma oferta inesperada de compra da Groenlândia, um enorme território de mais de dois milhões de quilômetros quadrados no Ártico e uma zona estratégica para um país pequeno como a Dinamarca.
A oferta surpreendeu, porque Washington não estava interessado neste território desde a Guerra Fria, apesar de ter sua base aérea mais ao norte, em Thule, no norte da Groenlândia.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o Departamento de Estado destacou o papel da Dinamarca e da Groenlândia no Ártico, "especialmente quando estamos vendo uma atividade reforçadas na região por parte da Rússia e da China".
Frederiksen classificou a proposta de Trump de "absurda". O presidente americano acabou tendo de cancelar uma visita a Copenhague prevista para setembro de 2019.
A tensão diminuiu, graças aos contatos por telefone e, em 10 de junho, os Estados Unidos, com a aprovação da Dinamarca, reabriram um consulado em Nuuk, capital da Groenlândia, fechado por 67 anos.