A exaustiva cimeira europeia que terminou nesta sexta-feira (11), em Bruxelas, conseguiu superar as diferenças e abrir caminho para sanções contra a Turquia, embora o governo de Ancara, em um visível aumento das tensões, tenha considerado a decisão "tendenciosa e ilegítima"
A exaustiva cimeira europeia que terminou nesta sexta-feira (11), em Bruxelas, conseguiu superar as diferenças e abrir caminho para sanções contra a Turquia, embora o governo de Ancara, em um visível aumento das tensões, tenha considerado a decisão "tendenciosa e ilegítima".
Os 27 países da União Europeia (UE) condenaram voltaram a condenar as ações "ilegais e agressivas" da Turquia no Mediterrâneo oriental e instruíram o alto representante (chefe da diplomacia) a iniciar os preparativos para aplicar sanções a cidadãos turcos.
"Decidimos sanções individuais" contra pessoas envolvidas em atividades de prospecção de hidrocarbonetos nas águas territoriais do Chipre, e "elas serão implementadas nas próximas semanas", disse o presidente francês, Emmanuel Macron.
Ele destacou que a UE mostrou "sua capacidade de exibir firmeza".
Vários países, incluindo Alemanha, Itália e Espanha, estão adotando uma linha mais cautelosa quanto à aplicação de sanções, disseram fontes diplomáticas. Já a Grécia pressionou a UE, durante meses, por um embargo de armas à Turquia.
Para a chefe do governo alemão, Angela Merkel, "o compromisso alcançado é equilibrado".
"Esperamos que a mensagem [para a Turquia] chegue a seu destino", acrescentou a chanceler.
Assim, o acordo dos líderes europeus se sobrepôs às divergências para manter a unidade do bloco e, ao mesmo tempo, fazer uma clara advertência à Turquia, aliada da Otan e eterna candidata a ingressar na UE.
Em Ancara, a posição da UE foi recebida com previsível amargura e aspereza.
"Rejeitamos essa atitude tendenciosa e ilegítima que figura nas conclusões da cúpula da UE", declarou o Ministério turco das Relações Exteriores em um comunicado.
Na quarta-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, já havia dito que possíveis sanções europeias não eram motivo de "grande preocupação" para seu país.
Em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel, disse nesta sexta-feira que o debate "foi difícil, mas a situação exigia ação".
Desde novembro do ano passado, a UE já tinha uma lista que punia dois funcionários da Turkish Petroleum Corporation pelas atividades de prospecção em águas, cuja soberania é reivindicada pelo Chipre.
Agora, os países do bloco deram um mandato ao chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, para que "informe, no mais tardar até março de 2021, sobre a evolução da situação" e, então, proponha, se for necessário, estender as sanções a novos nomes, ou negócios.
"Demos uma chance à Turquia" em outubro, mas "percebemos que continuou com suas ações de provocação", disse Macron.