O Reino Unido e a União Europeia discutirão na segunda-feira o "formato" de suas negociações sobre a relação comercial pós-Brexit, que se encontram atualmente paralisadas, apesar de o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ter levantado uma ameaça de não acordo, algo potencialmente devastador para a economia
O Reino Unido e a União Europeia discutirão na segunda-feira o "formato" de suas negociações sobre a relação comercial pós-Brexit, que se encontram atualmente paralisadas, apesar de o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ter levantado uma ameaça de não acordo, algo potencialmente devastador para a economia.
O negociador europeu, Michel Barnier - que deve viajar a Londres na próxima semana - e seu homólogo britânico, David Frost, realizaram uma videoconferência e "concordaram em discutir na segunda-feira sobre o formato" das negociações, anunciou um porta-voz do Executivo europeu no Twitter.
Mais cedo, Johnson afirmou que as negociações para um acordo de livre comércio pós-Brexit estavam encerradas, caso não haja uma mudança de postura por parte da União Europeia.
Os 27 "renunciaram à ideia de um acordo de livre-comércio, não parece acontecer nenhum progresso por parte de Bruxelas", afirmou Johnson em um discurso exibido na televisão, um dia depois de uma reunião em que os líderes europeus pediram a Londres que faça concessões para evitar uma ruptura sem acordo.
"Assim, dissemos a eles: "venham nos encontrar, se existir uma mudança fundamental na abordagem; caso contrário, estamos dispostos a falar sobre os aspectos práticos" de uma separação brusca", acrescentou.
Isso envolveria a aplicação de tarifas e cotas a partir de 1º de janeiro e um caos sem precedentes nos portos britânicos.
"Mesmo assim, tenho certeza de que vamos prosperar", disse Johnson em uma coletiva de imprensa posterior.
Após anos de atrasos e de caos político, o Reino Unido abandonou oficialmente a UE em 31 de janeiro passado, graças à esmagadora maioria parlamentar obtida pelo Partido Conservador de Johnson nas legislativas de dezembro de 2019.
Até o fim de dezembro próximo, o país se encontra em um período de transição para negociar com Bruxelas um acordo de livre-comércio que determine suas futuras relações.
Apesar das nove rodadas de conversas formais realizadas desde março e das tentativas de contatos informais das últimas duas semanas, os dois principais pontos de divergência continuam sem resultados.
Em troca de oferecer aos britânicos acesso ao mercado único, os europeus exigem que eles possam continuar pescando em suas águas e limitar os subsídios públicos a empresas privadas.
Para que seja ratificado a tempo pelos respectivos Parlamentos, as duas partes concordam em que o acordo deve ser alcançado em outubro.
Johnson havia estabelecido como limite a data de 15 de outubro, dia de início da reunião de cúpula europeia, enquanto a UE defendia negociações até o fim do mês.
Apesar das dificuldades, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, havia informado nesta sexta que negociadores da UE visitarão Londres na segunda-feira para "intensificar as negociações" por um acordo pós-Brexit, "como estava planejado".
Em uma mensagem no Twitter, Von der Leyen destacou que a UE "continua trabalhando por um acordo, mas não a qualquer preço".
Na quinta-feira, a cúpula do Conselho Europeu insistiu em que ainda não existem condições para assinar um acordo sobre como funcionará a relação pós-Brexit. Nas conclusões da reunião, porém, o organismo pediu a Londres que adote "as medidas necessárias" para que isso aconteça.