Os Estados Unidos e a União Europeia exigiram nesta terça-feira (29) que a China liberte imediatamente a "jornalista cidadã" Zhang Zhan, presa por cobrir a pandemia
Os Estados Unidos e a União Europeia exigiram nesta terça-feira (29) que a China liberte imediatamente a "jornalista cidadã" Zhang Zhan, presa por cobrir a pandemia. O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, acusou ainda Pequim de esconder o surto de coronavírus.
Zhang, uma ex-advogada detida desde maio, foi condenada a quatro anos de prisão por reportar na internet sobre a covid-19 quando ela apareceu em Wuhan no ano passado como uma nova doença misteriosa.
"Pedimos (...) sua libertação imediata e incondicional", disse em um comunicado o secretário de Estado do presidente cessante dos EUA, Donald Trump.
"O Partido Comunista Chinês mostrou mais uma vez que fará de tudo para silenciar quem questionar a linha oficial do partido, inclusive em informações cruciais de saúde pública", acrescentou Pompeo.
Os relatos de Zhang desafiaram o discurso oficial de Pequim - que havia indicado que o governo havia derrotado o vírus - questionando a capacidade dos hospitais e o acesso a testes nos primeiros dias da pandemia. Ela mostrou ainda os ataques que sofreu das autoridades chinesas quando filmou com seu celular.
A mulher de 37 anos foi condenada por um tribunal de Xangai por "provocar disputas e problemas".
O porta-voz da política externa da UE, Peter Stano, observou em nota que, de acordo com "fontes confiáveis, Zhang foi submetida a tortura e maus-tratos durante sua detenção, e sua saúde se deteriorou seriamente".
"É fundamental que ela receba a assistência médica adequada", frisou ele no comunicado, que pede a "libertação imediata de Zhang Zhan" e outros defensores dos direitos humanos presos.
Pompeo, crítico declarado de Pequim, atacou a China por seu papel nas origens da pandemia, que já deixou mais de 1,7 milhão de mortos em todo o mundo.
Nesta terça, Pompeo afirmou que a censura de Zhang por Pequim era mais uma evidência de como um "surto controlável se transformou em uma pandemia global mortal".
"Mentir é uma característica, não uma falha dos regimes autoritários", enfatizou o secretário de Estado.
O "medo do governo chinês da transparência e sua repressão contínua das liberdades fundamentais são um sinal de fraqueza, não de força, e uma ameaça para todos nós", acrescentou.
Bruxelas também exigiu a libertação de Yu Wensheng, um advogado defensor dos direitos humanos, preso em 13 de dezembro, e dos ativistas Li Yuhan, Huang Qi, Ge Jueping, Qin Yongmin, Gao Zhisheng, Ilham Tohti, Tashi Wangchuk, Wu Gan e Liu Feiyue.
A declaração da UE ocorre enquanto o bloco finaliza um acordo de investimento com a China, após sete anos de árduas negociações, apesar das preocupações com o histórico de violações dos direitos humanos de Pequim.
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