Líderes europeus analisavam neste sábado novas propostas, como um "superfreio de emergência", a seu plano para superar a recessão causada pelo novo coronavírus, que se chocou ontem com exigências holandesas e de seus sócios "frugais"
Líderes europeus analisavam neste sábado novas propostas, como um "superfreio de emergência", a seu plano para superar a recessão causada pelo novo coronavírus, que se chocou ontem com exigências holandesas e de seus sócios "frugais".
As novas propostas do chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, buscam convencer estas nações - Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia -, que defendem um rigor fiscal maior e que deixaram claras ontem suas exigências, no primeiro dia da reunião de cúpula.
"Estamos enfrentando a Holanda e outros países ditos "frugais", que não compartilham da necessidade de uma resposta tão consistente, principalmente sobre subsídios", disse o premier italiano, Giuseppe Conte, mais de 30 horas após o início da reunião.
As diferenças dizem respeito ao montante total do plano, de 750 bilhões de euros, baseado na emissão de uma dívida comum, sua divisão entre subsídios (meio trilhão) e empréstimos (250 bilhões) e as condições de acesso.
Embora os frugais não consigam reduzir a quantia total, conseguiriam na proposta, que a AFP consultou, que 50 bilhões em ajudas se tornassem empréstimos. "Mas é necessário reduzir mais os subsídios", disse hoje o austríaco Sebastian Kurz.
Para tranquilizar os países do sul, como Espanha e Itália, mais castigados pela pandemia, o novo plano propõe um reforço dos subsídios destinados a superar a crise, até 325 bilhões, reduzindo a parte dedicada a programas europeus.
A Espanha, segundo fontes da sua delegação, vê a proposta como positiva, porque mantém o volume total do fundo e reforça o instrumento para a recuperação, mas reconhece que "a governança do fundo continua sendo um obstáculo".
- "Superfreio de emergência" -
O primeiro dia de negociações terminou por volta da meia-noite, sem acordo, principalmente devido às exigências envolvendo o controle do fundo feitas pelo premier holandês, Mark Rutte, que exige dos beneficiários "reformas", como trabalhista e previdenciária.
O holandês, que enfrentará em 2021 eleições legislativas em seu país, onde a extrema direita ganha espaço, retoma a retórica de que os países endividados do sul não fizeram as reformas necessárias para enfrentar crises.
Rutte estaria sozinho em sua vontade de que os 27 países autorizem por unanimidade o desbloqueio dos fundos, uma reivindicação que, no sul, desperta o fantasma da "troika" da crise da dívida.
O plano de Charles Michel prevê que os países que desejarem ajuda devem apresentar um plano nacional de recuperação. Este plano deve levar em consideração as recomendações anuais da Comissão e a transição ecológica e digital. Os 27 deveriam aprovar o desembolso por maioria dos votos.
Mas em uma tentativa de aproximar os lados divergentes, o ex-primeiro-ministro belga teria proposto, em vão, uma espécie de "freio de emergência", que permitiria aos países em dúvida sobre a aplicação das reformas em outras nações levar o debate aos 27 antes do pagamento.
"É um erro grave, porque abre as portas para um monte de "quid pro quo" entre os Estados sobre diferentes temas", criticou a analista do European Policy Centre Marta Pilati, para quem, na prática, isto concede "um poder de veto a cada país".