INTERNACIONAL

Turquia prolonga polêmica prospecção de gás no Mediterrâneo e critica França

A Turquia anunciou, nesta quinta-feira (27), que prolongará a missão de seu navio de prospecção "Oruç Reis" em uma zona de jazidas de gás no Mediterrâneo Oriental, reivindicada pela Grécia - apesar do risco de agravar as tensões atuais entre os dois países

AFP
27/08/2020 às 13:04.
Atualizado em 25/03/2022 às 12:16

A Turquia anunciou, nesta quinta-feira (27), que prolongará a missão de seu navio de prospecção "Oruç Reis" em uma zona de jazidas de gás no Mediterrâneo Oriental, reivindicada pela Grécia - apesar do risco de agravar as tensões atuais entre os dois países.

A Marinha turca informou que a missão vai-se estender até "1o de setembro". A mobilização da embarcação ao sul da ilha grega de Kastellorizo, em 10 de agosto, irritou Atenas e reavivou uma escalada das tensões bilaterais.

A descoberta de importantes jazidas de gás nos últimos anos agravou as antigas rivalidades entre Grécia e Turquia sobre suas fronteiras marítimas.

"Continuaremos nossas atividades (de busca de hidrocarbonetos) o tempo que for necessário. Não há data-limite", afirmou hoje o ministro turco da Defesa, Hulusi Akar, em entrevista à agência oficial de notícias Anadolu.

A Marinha turca informou ainda que fará "exercícios de tiro" em 1o e 2 de setembro na costa de Iskenderun, ao nordeste da ilha do Chipre.

Uma fonte militar grega disse à AFP que essas manobras não preocupam Atenas, já que acontecem longe da Grécia, em uma zona onde a Turquia realiza "seus próprios exercícios".

No início de uma reunião dos 27 países-membros da União Europeia (UE) nesta quinta, em Berlim, o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, disse que as manobras militares rivais no Mediterrâneo Oriental "devem cessar" para permitir o diálogo entre Grécia e Turquia.

"Precisamos de uma solução diplomática para este conflito. Ninguém quer resolvê-lo com navios de guerra no Mediterrâneo Oriental", completou o ministro.

"As partes não vão se sentar na mesma mesa, enquanto houver navios de guerra frente a frente" na região, lamentou Maas, no início desta reunião de ministros europeus de dois dias.

A Alemanha está envolvida na mediação para resolver essa crise ligada à exploração de zonas marítimas ricas em hidrocarbonetos.

Já o ministro austríaco Alexander Schallenberg considerou que, dado o número de embarcações nesta zona, "os incidentes são praticamente inevitáveis".

Na quarta-feira, navios de guerra turcos e americanos, por um lado, e embarcações gregas, cipriotas, francesas e italianas, por outro, fizeram manobras militares no Mediterrâneo Oriental. Estes exercícios serão realizados até esta sexta no leste do Mediterrâneo, ao sul e sudoeste do Chipre, segundo uma fonte militar.

"A credibilidade da Europa está em jogo. A UE (...) deve defender uma ordem internacional global baseado nos valores e nos princípios" da Europa, afirmou o ministro cipriota das Relações Exteriores, Nikos Christodoulides.

Ancara costuma expressar sua irritação diante da intervenção de países europeus, em especial da França, assim como dos Estados Unidos, neste contencioso com a Grécia.

Hoje, o ministro turco da Defesa acusou a França de contribuir para a escalada, ao enviar aviões de guerra para o Chipre, de modo a expressar seu apoio a Atenas.

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