Cada vez mais isolado em sua tentativa de contestar a vitória de Joe Biden nas eleições americanas, em novembro, o presidente Donald Trump evocou abertamente a possibilidade de voltar a se candidatar em 2024
Cada vez mais isolado em sua tentativa de contestar a vitória de Joe Biden nas eleições americanas, em novembro, o presidente Donald Trump evocou abertamente a possibilidade de voltar a se candidatar em 2024.
"Foram quatro anos incríveis. Estamos tentando cumprir mais quatro anos (no cargo). Caso contrário, verei vocês em quatro anos", disse Trump na noite de terça-feira, durante uma festa de Natal na Casa Branca.
O evento, que contou com a presença de autoridades do Partido Republicano, não foi aberto à imprensa, mas um vídeo do discurso do presidente começou a circular logo em seguida. Quase um mês após a eleição de 3 de novembro, Trump continua se recusando a admitir a derrota para o democrata Joe Biden.
Isolado na Casa Branca, ele limita ao máximo suas aparições públicas, de forma que a única comunicação presidencial são tuítes furiosos sobre supostas fraudes eleitorais, que até agora não foram sustentadas por provas e que até alguns de seus aliados refutam.
"Não vimos nenhuma fraude cuja magnitude fosse capaz de mudar o resultado da eleição", disse o procurador-geral, Bill Barr, na terça-feira. As palavras desse ultraconservador de 70 anos ganham ainda mais relevância considerando que ele faz parte do círculo próximo de Trump.
O clima é de especulação em Washington, enquanto o próximo presidente prepara seu gabinete e o atual se encontra cada vez mais sozinho em suas teorias da conspiração.
De acordo com a rede NBC, Trump discutiu com familiares e amigos a possibilidade de anunciar o lançamento de sua campanha presidencial para 2024 em 20 de janeiro, no mesmo dia em que Biden tomará posse, evento ao qual o presidente em fim de mandato não pretende comparecer.
E há precedentes neste sentido: em 20 de janeiro de 2017, no dia em que o magnata republicano assumiu a Presidência, ele apresentou uma solicitação de nova candidatura em 2020.
Fiel ao seu gosto pela provocação, este ano ele também poder aproveitar para usar uma receita de que gosta muito: programações paralelas.
Em várias ocasiões durante sua gestão, ele boicotou o jantar da Associação de Correspondentes da Casa Branca para organizar comícios de campanha na mesma noite.
O anúncio da candidatura para 2024 permitiria a Trump, naturalmente, atrair os holofotes a curto prazo. Mas o caminho a seguir será repleto de dificuldades, pois no dia 20 de janeiro ele se tornará "ex-presidente" e a equação mudará radicalmente.
O medo que inspira entre as autoridades republicanas e a atenção da mídia que recebe (e adora) diminuirá consideravelmente. Todos os olhares se voltam para seu sucessor democrata e também para os senadores ou governadores republicanos ansiosos para entrar na corrida presidencial.
A participação nas eleições de 2020 foi histórica. Joe Biden obteve mais de 81 milhões de votos, um recorde. E Donald Trump ultrapassou a marca de 74 milhões de votos, também um recorde.
No entanto, a análise percentual é menos lisonjeira para Trump, que debocha incansavelmente dos "perdedores": obteve menos de 47% dos votos emitidos.
Apesar disso, ele ainda pode se orgulhar - como sempre faz no Twitter - de ter uma forte base de apoiadores.