Menos de três semanas depois de deixar a Casa Branca, Donald Trump volta nesta terça-feira (9) ao centro do debate político americano com o início no Senado de seu histórico julgamento político por "incitação à insurreição" no violento ataque ao Congresso
Menos de três semanas depois de deixar a Casa Branca, Donald Trump volta nesta terça-feira (9) ao centro do debate político americano com o início no Senado de seu histórico julgamento político por "incitação à insurreição" no violento ataque ao Congresso.
Acusação "absurda" versus provas "avassaladoras": os advogados do ex-presidente republicano e os congressistas democratas que lideram a acusação já deixaram claro qual será o tom dos discursos durante o processo, que começará às 13H00 locais (15H00 de Brasília) no mesmo plenário que foi invadido por simpatizantes de Trump em 6 de janeiro.
Em um caso extraordinário, os 100 senadores que atuarão como jurados também foram testemunhas e vítimas do ataque.
As fortes imagens de 6 de janeiro e o discurso de Trump para os seguidores momentos antes da invasão do Capitólio serão parte central da acusação. Do lado de fora do edifício, as inéditas medidas de segurança recordam a violência e o impacto gerado pelo ataque.
O milionário, que agora vive na Flórida, não comparecerá ao processo e tem certeza de que será absolvido.
A Constituição exige maioria de dois terços para um veredicto de culpa. E embora os senadores republicanos tenham criticado o papel do agora ex-presidente no episódio violento, parece pouco provável que 17 deles se unam aos 50 democratas para condenar Trump, que ainda é muito popular entre as bases de seu partido.
Mas os dois lados têm algo em comum: todos querem avançar rápido, o que significa que a votação final pode acontecer no início da próxima semana.
Os republicanos porque não desejam se aprofundar em um caso que divide o partido; os democratas porque desejam que as atenções do Senado voltem rapidamente para suas prioridades: a aprovação dos secretários e dos projetos do presidente Joe Biden.
Ao se apresentar como um elemento unificador de um país dividido, Biden optou pela distância do processo. O presidente "não passará muito tempo assistindo as audiências", afirmou na segunda-feira a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
Um debate jurídico sobre a constitucionalidade do processo acontecerá na abertura do julgamento: cada lado terá duas horas para apresentar seus argumentos e os senadores votarão em seguida para decidir se têm competência para julgar Trump.
Este ponto está no centro dos argumentos dos advogados de Trump, David Schoen e Bruce Castor, que consideram "absurdo e inconstitucional iniciar um processo de impeachment contra um cidadão comum". Um argumento repetido por vários senadores republicanos.
"Nas últimas semanas, a direita buscou um refúgio, uma maneira de opor-se à condenação de Donald Trump sem ter que emitir um julgamento sobre seu comportamento, para evitar ficar contra os partidários do presidente, enquanto evita justificar sua conduta evidentemente desprezível, antipatriótica e antidemocrática", afirmou na segunda-feira o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer.
Esta é a primeira vez que um ex-presidente americano é objeto de um processo de impeachment. Em 13 de janeiro, o republicano se tornou o primeiro presidente a ser acusado pela segunda vez pela Câmara de Representantes, após um primeiro processo por "abuso de poder" no qual foi acusado de pressionar a Ucrânia para investigar Biden e seu filho e do qual foi absolvido no início de 2020.
Nos argumentos apresentados na segunda-feira, os democratas que lideram a acusação afirmam que existem "provas avassaladoras" da culpa do ex-presidente, que foi responsável, segundo eles, pelo "delito constitucional mais grave que já foi cometido por um presidente americano".
Eles recordam como Trump se negou a reconhecer a derrota para Biden, denunciando - sem qualquer prova - fraudes eleitorais. E também seu longo discurso para milhares de seguidores em 6 de janeiro em Washington, enquanto os congressistas estavam reunidos no Capitólio para certificar formalmente a vitória do democrata.