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Tikhanovskaya, a dona de casa que desafia o autoritário Lukashenko em Belarus

"Sveta! Sveta!", grita a multidão. Svetlana Tikhanovskaya nunca teve ambições presidenciais, mas em apenas algumas semanas, em um roteiro digno de filme, tornou-se a rival do autoritário presidente bielorrusso Alexander Lukashenko nas eleições do próximo domingo

AFP
04/08/2020 às 09:47.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:37

"Sveta! Sveta!", grita a multidão. Svetlana Tikhanovskaya nunca teve ambições presidenciais, mas em apenas algumas semanas, em um roteiro digno de filme, tornou-se a rival do autoritário presidente bielorrusso Alexander Lukashenko nas eleições do próximo domingo.

Esta mulher, que tem formação como professora de inglês, saiu do anonimato para desafiar o homem que governa a ex-república soviética com mão de ferro há 26 anos, sem permitir qualquer tipo de oposição.

Svetlana Tikhanovskaya, de 37 anos, nunca sonhou em governar o país de 9,5 milhões de habitantes. De fato, ela desistiu da carreira para cuidar do filho mais velho, que nasceu com problemas de audição.

Ela virou candidata porque seu marido Serguei Tikhanovski, um blogueiro conhecido, foi detido em maio depois de anunciar sua candidatura com a promessa de esmagar a "barata" Alexander Lukashenko.

Tikhanovskaya decidiu assumir seu posto "por amor" ao homem que conheceu há 16 anos, quando ela era estudante e ele proprietário de uma discoteca na cidade de Mozyr.

Ela conseguiu reunir as dezenas de milhares de assinaturas necessárias e a Comissão Eleitoral validou a candidatura, algo inesperado depois que dois opositores, considerados mais sérios, tiveram seus nomes vetados na disputa.

Tikhanovskaya se apresenta como "uma mulher comum, uma mãe, uma esposa", que luta por dever, apesar das ameaças que a levaram a exilar a filha de 5 anos e o filho de 10 anos.

"Abandono minha vida tranquila por (Serguei), por todos nós. Estou cansada de ter que suportar tudo, cansada de ficar calada, cansada de ter medo. E vocês?", gritou em Minsk, diante dos aplausos de dezenas de milhares de pessoas em 30 de julho.

Seu marido, processado por vários crimes considerados fantasiosos por seus partidários, permanece detido. Ele é acusado até de tentativa de estimular distúrbios com mercenários russos. Outros opositores tiveram o mesmo destino com a aproximação das eleições.

Questionada sobre seu programa, Svetlana Tikhanovskaya é imprecisa, mas promete a libertação dos presos políticos, um referendo constitucional e novas eleições livres.

A relação com a Rússia, um grande aliado de Belarus, mas cujas relações com Lukashenko se enfraqueceram, é um tema sobre o qual ela não deseja falar.

Para seus partidários, Sveta se transformou em musa. O site de notícias The Village a chama de "Joana D"Arc acidental".

No início, ela se mostrava hesitante nas aparições públicas, mas ganhou confiança e impressionou os compatriotas com dois discursos autorizados para exibição na TV, nos quais denunciou as mentiras do regime bielorrusso.

"De forma inesperada, seu primeiro discurso na televisão foi forte, sem contratempos ou pontos fracos", afirmou o jornal de oposição Nacha Niva.

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