INTERNACIONAL

Ter um bebê e não poder tocá-lo pelo coronavírus

Positiva para o coronavírus, Vanesa Muro ficou separada por 10 dias de seu recém-nascido. Agora em casa com o pequeno Oliver, ela conta os dias para o fim da quarentena, quando poderá beijar e tocar o filho sem luvas

AFP
03/04/2020 às 09:07.
Atualizado em 31/03/2022 às 04:46

Positiva para o coronavírus, Vanesa Muro ficou separada por 10 dias de seu recém-nascido. Agora em casa com o pequeno Oliver, ela conta os dias para o fim da quarentena, quando poderá beijar e tocar o filho sem luvas.

Não ter contato com a pele da criança para evitar contagiá-lo "é duro", admite Vanesa à AFPTV em sua casa na capital espanhola, epicentro da pandemia na Espanha, com mais de um terço do total de mortes no país.

"Ele agarra seu dedo, coitadinho, e agarra o plástico, não agarra você, mas é um dia a menos. Tenho que pensar desse jeito porque, se não for assim, fico deprimida", explica a mulher de 34 anos.

Vanesa e Óscar Carrillo, também de 34 anos, se preparavam para um parto por cesárea a partir de 16 de março, mas a epidemia de COVID-19 acelerou tudo.

A avó de Vanesa, de 87 anos, que ela encontrava todos os dias, apresentou resultado positivo para o coronavírus e faleceu. Com uma gravidez de risco, Vanesa também foi submetida a um exame. Estava infectada.

De maneira imediata, "Óscar me levou (ao Hospital Universitário La Paz) e evidentemente não pôde passar, me deixou na porta da emergência e ali fiquei", relata Vanesa.

Os médicos adiantaram a cesárea. "Foi um acúmulo de sensações, brutal", revela Vanesa, entre o "medo" de contagiar o bebê, a separação do marido e ser atendida por médicos que usavam trajes especiais para evitar uma infecção.

"Aquela foi a hora e meia mais longa da minha vida", confessa Óscar, que não sabia o que acontecia.

"Foi duro", completa o homem, que também apresentou resultado positivo para o coronavírus.

Oliver nasceu no dia 13 de março, saudável, com 3,6 kg e 50 cm. Imediatamente foi colocado em uma incubadora e isolado. Até apresentar dois resultados negativos para o coronavírus, o bebê não seguiu para o berçário com outros recém-nascidos.

Após 48 horas de recuperação no hospital em um isolamento quase total porque a equipe médica entrava o mínimo possível no quarto por falta de trajes de proteção, Vanesa foi liberada e voltou para casa, mas sem Oliver.

Apenas em 23 de março Vanesa e Óscar conseguiram buscar o bebê, com luvas e máscaras.

"Campeão, vamos para casa agora, você é um boneco", foram as primeiras palavras de Vanesa para o filho em um encontro muito emotivo.

"Foi incrível", afirma o pai. "Foi como se ele nascesse também naquele dia", completa a esposa.

"Foi o momento mais lindo que aconteceu comigo desde que comecei a trabalhar", admite Arantxa Fernández, psicóloga do Hospital Universitário La Paz, um apoio emocional que o casal admite que foi "vital". Arantxa enviava fotos e vídeos de Oliver quando ele estava no hospital.

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