"Perspectivas do setor seriam muito boas se não fossem as dúvidas em relação ao governo federal", pondera o presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana de Piracicaba (Coplacana, Arnaldo Antonio Botoletto
Arnaldo Botoletto: ‘As perpectivas do setor seriam muito boas se não fossem as dúvidas em relação ao governo federal’ (Mateus Medeiros)
Para 2023, Cançado entende que a tendência é de crescimento no setor de varejo, assim como na indústria. "Mesmo com as altas taxas de juros, não caminhamos para uma recessão". Sua dica para ampliar a eficiência do varejo e torná-lo mais competitivo, "é preciso ser eficiente na loja física (off-line) e também na loja digital (on-line). Então, é fundamental estar sempre atento aos cenários e cuidar da gestão dos negócios".
Neste sentido, aponta, a Acipi procura colaborar da melhor forma possível. "Por meio da Escola de Negócios, temos diferentes cursos para capacitação para profissionais do comércio, indústria e serviços," enfatiza.
Homero Scarso, gerente regional do Ciesp Piracicaba, que congrega oito municípios da região, observa que o resultado das exportações de janeiro a novembro de 2022, comparado ao mesmo período de 2021, foi de um faturamento crescente, que acumulou 31%, passando dos US$ 2 bilhões US$ 2,7 bilhões. Segundo ele, a economia regional conseguiu recuperar o seu desempenho de 2019, no período pré-pandemia e superá-lo. Mas o que esperar de 2023?
Homero costuma dizer que as vendas realizadas com exportações hoje, vão projetar na receita entre três a quatro meses após, pelo menos, até a produção e embarque. "No entanto, os contratos vigentes com exportações têm que seguir um rito conforme estabelecido e dependem de novas condições que poderão advir em virtude do novo governo, bem como de outras condições econômicas". Isto é, dependendo das medidas do governo, até mesmo as vendas já ocorridas podem sofrer consequências negativas e prejudicar a cadeia das industriais locais. Mas se nenhuma medida comprometedora for tomada, 2023 poderá transcorrer dentro do previsto.
"Lembrando sempre que ainda a guerra entre Rússia e Ucrânia continua e os juros americanos estão subindo. Isso seria apenas fatores externos. Temos ainda a questão interna, que será analisada caso a caso". Ou seja, cautela e caldo de galinha é a receita do Ciesp enquanto se espera o governo Lula se mexer.
O presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana de Piracicaba (Coplacana, Arnaldo Antonio Botoletto, trabalha com muita cautela. "As perspectivas do setor seriam muito boas se não fossem as dúvidas em relação ao governo federal. No plano estadual, temos uma boa interlocução com o novo govenador, Tarcísio de Freitas. Mas em Brasília mora a nossa dúvida, porque se o governo repetir o que ocorreu durante os governos anteriores de Lula e Dilma, poderemos ter problemas sérios. Aqueles anos foram quando o preço da gasolina foi controlado e o etanol represado. Por causa dessas decisões desatrosas, ocorreu a maior quebradeira das usinas de açúcar da história. Lula convidou o empresariado para que investisse, mas o dinheiro para o financiamento dos projetos não veio. Quem tinha uma usina, por ter seguido a orientação do presidente, acabou perdendo as duas. A maioria dos empresários do setor entrou em recuperação judicial. Produtores acabaram deixando a terra..."
Esse cenário de terra arrasada é coisa do passado, no seu entender. "Estamos hoje bem mais preparados e o setor agropecuário, incluindo o sucroenergético, correspondem a um terço do PIB nacional. Acreditamos que com essa força do setor agro e cooperativista, vamos ter mais cautela. Por isso ainda acredito que temos tudo para ser bem sucedidos".
O problema começa quando se observa a formação ministerial. Bortoletto diz: "Pelo nível dos ministérios, boa coisa não vem, haverá gastos inadequados, que não agregam valor à sociedade e à economia. Mas temos que esperar, pressionar e esperamos que o congresso seja um pouco mais experiente, não se venda a troco de acordos e favores particulares. Quem votou nos deputados e senadores votou para um Brasil melhor, um Brasil sério e consciente".
Em síntese, apesar de todas as questões apontadas, o presidente da Coplacana se prepara com otimismo para o embate. "Acreditamos que teremos um ano bom. Os juros altos já atrapalham o mercado de máquinas, porque caem os investimentos com a política de juros altos. Mesmo assim, o mundo precisa de alimentos. E está nas mãos do Brasil a produção de alimento para o mundo".