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Tabu durante muito tempo, depressão entre esportistas deixa as sombras

Tema tabu há muito tempo entre os atletas, a depressão aos poucos vai saindo das sombras. Cada vez mais pessoas dizem que se sentem mal, também um sinal de melhor gerenciamento dos problemas psicológicos, algo necessário para passar por uma pandemia de covid-19 que parece não ir embora no curto prazo

AFP
25/12/2020 às 14:52.
Atualizado em 24/03/2022 às 00:10

Tema tabu há muito tempo entre os atletas, a depressão aos poucos vai saindo das sombras. Cada vez mais pessoas dizem que se sentem mal, também um sinal de melhor gerenciamento dos problemas psicológicos, algo necessário para passar por uma pandemia de covid-19 que parece não ir embora no curto prazo.

A nadadora francesa Béryl Gastaldello, de 25 anos, mergulhou em uma forte depressão em 2018. "Caí muito, muito lá em baixo. Não tinha mais controle sobre meu corpo. Recebi medicamentos prescritos", confidenciou ela há alguns meses.

Esse depoimento de uma atleta na metade de sua carreira, com chances de participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio, ainda é bastante raro.

O tenista australiano Nick Kyrgios, de 25 anos, revelou recentemente sua "situação triste e solitária" enquanto lutava contra a depressão causada pelo ritmo avassalador do circuito ATP. O jogador de basquete americano Kevin Love também tornou pública sua ansiedade e depressão.

Mas na maioria das vezes é após a aposentadoria que os atletas falam sobre a situação que viveram, como o multi-medalhista olímpico Michael Phelps.

"Eles se abriram muito, os atletas concordam em falar um pouco mais do que sentem. São humanos, não robôs", disse à AFP Cécilia Delage, psicóloga esportiva que acompanha jogadores de futebol do Lens, mas também saltadores e esquiadores.

"Esportes de elite não rimam especialmente com a saúde mental", lembra Makis Chamalidis, também psicólogo esportivo. "Sentindo-se em uma missão", eles podem oscilar entre "os extremos" e ir da "onipotência" da vitória para o ""sou péssimo"" do fracasso, explica ele.

O fim de uma carreira ou uma lesão que dura muito tempo também podem ser momentos difíceis.

No INSEP, instituto francês do esporte e da performance, onde crescem os campeões em potencial, a equipe de psicólogos tem aumentado nos últimos anos.

"Temos cada vez mais pedidos de apoio de atletas com uma dupla dimensão: ajuda psicológica e de rendimento", explica Anaëlle Malberbe, uma das cinco psicólogas. "Os treinadores são mais abertos sobre esse assunto", diz ele.

"O freio é: "você é um atleta de alto nível, não tem o direito de falhar". Isso é falso", descreve. O jogador de rúgbi da Nova Zelândia, John Kirwan, que sofria de depressão, deu a seu livro o título: "All Blacks Don"t Cry" (Os "All Blacks" não choram).

Transtornos de ansiedade, episódios depressivos, problemas de comportamento alimentar, vícios... "o atleta pode encontrar os mesmos problemas que todo mundo", explica Malherbe.

Dentro da população, uma pessoa em cada cinco sofre ou sofrerá de depressão durante a vida.

Desde 2006, atletas de elite fazem uma entrevista psicológica por ano, duas se forem menores de idade, como parte do acompanhamento médico.

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