O Tribunal Especial para o Líbano (TSL) declarou como culpado nesta terça-feira (18) Salim Ayash, suspeito de pertencer ao Hezbollah, pelo assassinato em 2005 do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, e absolveu outros três réus, após seis anos de julgamento
O Tribunal Especial para o Líbano (TSL) declarou como culpado nesta terça-feira (18) Salim Ayash, suspeito de pertencer ao Hezbollah, pelo assassinato em 2005 do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, e absolveu outros três réus, após seis anos de julgamento.
"A câmara de primeira instância declara Ayyash culpado, além de qualquer dúvida razoável, como co-autor do homicídio intencional de Rafic Hariri", declarou o juiz presidente, David Re.
Posteriormente, os magistrados pronunciarão a sentença contra Ayyash que, se algum dia for entregue ao tribunal, corre o risco de prisão perpétua.
Nenhum dos acusados compareceu ao tribunal, que os julgou à revelia. Salim Ayash, de 56 anos, pode recorrer da decisão.
Dos três declarados inocentes, Hussein Oneissi, de 46 anos, e Assad Sabra, de 43, foram acusados de terem gravado um vídeo falso que reivindicava o crime em nome de um grupo inexistente.
Hassan Habib Merhi, de 54 anos, foi acusado de cumplicidade no ataque e complô com o objetivo de realizar um ataque.
Mustafa Badredin, o principal suspeito, considerado o "cérebro" do ataque pelos investigadores, morreu.
Este tribunal, com sede na Holanda, havia adiado o anúncio da decisão, inicialmente prevista para 7 de agosto, "em respeito às inúmeras vítimas" da explosão devastadora que ocorreu três dias antes no porto da capital libanesa e que deixou pelo menos 177 mortos e mais de 6.500 feridos.
Saad Hariri, filho de Rafic Hariri e também primeiro-ministro do Líbano, compareceu à leitura da decisão em Leidschendam, perto de Haia.
"O tribunal decidiu e, em nome da família do falecido primeiro-ministro Rafic Hariri, em nome das famílias dos mártires e das vítimas, aceitamos a decisão do tribunal", disse ao sair da sala.
Rafic Hariri, primeiro-ministro até outubro de 2004, foi assassinado em 2005 na explosão de uma van cheia de explosivos, enquanto viajava em um carro blindado no cais de Beirute, deixando 226 feridos.
Sua morte, pela qual quatro generais libaneses pró-sírios foram inicialmente acusados, gerou uma onda de protestos, que forçou a retirada das tropas sírias após mais de 30 anos de presença no Líbano.
Durante o processo, a promotoria não cansou de repetir que o assassinato de Rafic Hariri "teve uma finalidade política", já que o milionário sunita "era considerado uma grave ameaça pelos pró-sirios e apoiadores do Hezbollah".
O Hezbollah, aliado do regime sírio e do Irã, negou qualquer responsabilidade e se recusou a reconhecer o TSL.
Criado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, os libaneses estão "profundamente divididos" quanto ao tribunal, de acordo com Karim Bitar, professor de relações internacionais em Paris e Beirute.