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Streaming: salvação ou maldição para os teatros?

"A ópera em casa", "teatro e sofá": em tempos de coronavírus, os teatros deram um acesso sem precedentes às suas produções graças ao streming, na esperança de que seja apenas uma fase, embora ela possa ser longa

AFP
01/06/2020 às 16:38.
Atualizado em 27/03/2022 às 21:56

"A ópera em casa", "teatro e sofá": em tempos de coronavírus, os teatros deram um acesso sem precedentes às suas produções graças ao streming, na esperança de que seja apenas uma fase, embora ela possa ser longa.

Os teatros, especialmente na Europa, começam a ver a luz no fim do túnel com datas de reabertura, embora haja um longo caminho para a volta ao normal, principalmente devido à obrigação de aplicar regras de distância entre os espectadores.

Confortavelmente sentado em sua sala, o público ficou inundado por meses com óperas, balés, concertos e, estranhamente, peças de teatro, na maioria das vezes, de graça.

Esse público vai querer voltar para uma sala pequena, com uma máscara, sem intervalo e esperando em filas intermináveis?

Na semana passada, a Filarmônica de Paris mostrou como seriam os shows até o final do ano: sem público e depois transmitidos via streaming.

No total, foram registradas 320.000 visitas na rede de televisão Arte e na plataforma Philharmonic, "uma quantia excepcional para um concerto clássico na internet", segundo a instituição.

Mais de 2,5 milhões de internautas assistiram a dez produções da Ópera de Paris, do Lago dos Cisnes ao Barbeiro de Sevilha.

O Theatre de la Comédie-Française (comédia francesa) lançou pelo menos 80 shows on-line em oito semanas, incluindo grandes sucessos como "Les Damnés" de Ivo van Hove ou peças do "património" como "Ondine" de Giraudoux, com uma jovem Isabelle Adjani, resgatada de 1974.

O Odeon Theatre lançou peças de Pirandello, Ibsen, Molière e até "King Lear" de Shakespeare com Michel Piccoli, para homenageá-lo após sua morte. O streaming foi um sucesso completo.

"Depois de um mês, apenas para a "Escola das Mulheres", um quarto das visitas veio do exterior. A imprensa britânica fez eco. Até o jornal The Guardian fez críticas", disse Stéphane Braunschweig, diretor do Teatro Odeon, que encenou o espetáculo em 2018.

"Só tínhamos essa peça legendada. Depois, legendamos "Tartufo" e "O misantropo". Ao ver o número de visitas do exterior, dissemos a nós mesmos que a oferta tinha que ser desenvolvida", explica o diretor.

Na Rússia, também se alegram com a crescente visibilidade dos teatros, paradoxalmente neste período em que estão fechados.

"Milhões de pessoas nos veem. É uma maneira importante de entregar os tesouros da cultura russa", disse Valery Gergiev, famoso maestro e diretor-geral do Teatro Mariinsky em São Petersburgo, que registrou 50 milhões de visitas desde 19 de março.

"Em vez de 2.000 espectadores por concerto, tivemos centenas de milhares de espectadores", disse em um webinar recentemente organizado pelo festival anual "Estações Russas".

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