A sonda chinesa Chang"e perfurou a superfície da Lua, nesta quarta-feira (2), após pousar no satélite com sucesso, na primeira tentativa em 40 anos de se trazer amostras lunares à Terra
A sonda chinesa Chang"e perfurou a superfície da Lua, nesta quarta-feira (2), após pousar no satélite com sucesso, na primeira tentativa em 40 anos de se trazer amostras lunares à Terra.
Após sua chegada na terça-feira, a sonda terminou hoje as operações de perfuração do solo lunar "e coleta, como estava previsto, amostras da superfície" da Luna, relatou a agência espacial chinesa CNSA.
Esta missão é muito delicada tecnicamente e constitui uma nova etapa do ambicioso programa espacial chinês, que levou um robô teleguiado à face oculta da Lua no começo de 2019 - algo inédito no mundo.
A China tem investido bilhões de dólares em seu programa espacial, com a esperança de contar com uma estação espacial tripulada em 2022 e, eventualmente, enviar seres humanos à Lua.
O objetivo dessa nova missão é trazer amostras de poeira e de rochas lunares para ajudar os cientistas a entenderem melhor as origens da Lua, sua formação e atividade vulcânica em sua superfície.
A sonda Chang"e-5 "alunissou na face visível da Lua na tarde de terça-feira", informou a agência estatal de notícias Xinhua, citando a Administração Espacial Nacional Chinesa.
Se tiver sucesso, a China será o terceiro país a extrair amostras do satélite natural da Terra, depois dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, nas décadas de 1960 e 1970.
A sonda Chang"e-5, assim chamada por causa de uma deusa da Lua na mitologia chinesa, entrou na órbita lunar no sábado, após 112 horas de viagem, acrescentou a Xinhua. Foi lançada da província de Hainan, no sul do país, na semana passada.
A sonda Chang"e-5 vai coletar dois quilos de material da superfície em uma zona inexplorada conhecida como Oceanus Procellarum ("Oceano das Tempestades"), que consiste em uma vasta planície de lava, de acordo com a revista Nature.
Espera-se que a nave colete o material em um dia lunar, o equivalente a cerca de 14 dias na Terra.
As amostras serão enviadas à Terra em uma cápsula que deverá aterrissar na região chinesa da Mongólia Interior (norte), no início ou em meados de dezembro, segundo a Nasa.
A televisão pública CCTV difundiu uma sequência, na qual se vê o módulo espacial de 8,2 toneladas pousando sobre o solo lunar. De máscara, os diretores da missão aplaudiam frente às telas de monitoramento.
Ao fundo, na imensa sala, um telão mostrava as primeiras imagens enviadas por Chang"e 5: as de uma paisagem lunar cinza repleta de crateras.
O chefe científico da NASA (a Agência Espacial americana), Thomas Zurbuchen, parabenizou a China pela aterrissagem da sonda.
O módulo Chang"e 5 é composto de quatro partes: um orbitador (que permanecerá em órbita lunar), um aterrissador (que pousou sobre a Lua), um módulo de subida (do solo até a órbita lunar) e uma cápsula de retorno (à Terra).