Luciano Almeida (União Brasil) pode ter mais um desfalque em sua base de apoio no Legislativo
Josef deve deixar o cargo de líder do governo se quiser continuar como representante da legenda (Guilherme Leite)
Depois do afastamento de Zezinho Pereira (União Brasil) da liderança do governo na Câmara Municipal, no ano passado, tudo indica que Luciano Almeida (União Brasil) terá mais um desfalque em sua base de apoio no Legislativo. No dia 30 de maio a comissão executiva municipal do Solidariedade (SD) decidiu que o vereador José Borges, conhecido por Josef, deve deixar a liderança do governo na Câmara Municipal se quiser continuar como representante da legenda.
O prazo da decisão vencia ontem à noite. Mas José Luiz Ribeiro, presidente do partido em Piracicaba, disse que hoje vai ter uma última conversa com Josef para selar o acordo, mas garantiu que ele já havia protocolado seu desligamento da liderança parlamentar do governo Luciano Almeida na prefeitura ontem à tarde.
Ribeiro disse também que ainda hoje fará uma nova reunião com a executiva para por um ponto final nesse assunto. Segundo o presidente da legenda, a intenção não é fazer oposição incondicional ao executivo. "Longe disso, queremos apenas que haja diálogo antes de qualquer questão, para que possamos decidir se apoiamos ou não".
Além de Ribeiro, José Antonio Fernandes Paiva, outro veterano do sindicalismo local e integrante do SD, também ficou constrangido com as decisões do governo municipal em relação ao reajuste do salário dos municipais, cuja posição oficial foi defendida por Josef.
A direção local do SD foi bastante crítica também com a forma com que Luciano Almeida colocou fim ao Sine Municipal, um mecanismo parecido ao Sistema Nacional de Emprego. "Não foi só o Sine que criamos e se tornou um modelo para o Estado que desapareceu, mas a própria secretaria de Emprego e Renda (Semtre) foi extinta", disse Ribeiro.
O sindicalista aponta ainda a taxa de lixo, debatida no ano passado, aumento antipopular que contou com apoio incondicional do vereador. "Mas nunca foi a posição do partido", enfatizou Ribeiro.
"Agora tudo vai depender de conversa prévia. Não haverá mais apoio incondicional. Compreendemos a função e a opinião do vereador, mas ele precisa entender que não foi eleito sozinho, e sim, com o apoio de um grupo de pessoas que lhe deu o coeficiente para obter a cadeira. E é a opinião desse grupo partidário que precisa ser respeitado. Muito apoio ao governo foi dado na contramão do que pensamos", concluiu Ribeiro.
Em ofício ao vereador, o SD afirma que há uma necessidade de "alinhamento político" e afirma que o partido foi importante para as eleições municipais de 2020, quando da vitória de Luciano Almeida. Borges afirmou apenas que "essa é uma imposição do presidente do partido, com o qual não concordo". Segundo ele, a posição partidária foi decidida em assembleia com outros integrantes da direção. No final da tarde se comprometeu a enviar uma nota para a imprensa sobre o assunto. Decisão adiada para hoje.