INTERNACIONAL

Signatários do acordo nuclear iraniano se reúnem em Viena

Os signatários do acordo nuclear de 2015 com o Irã iniciaram, nesta terça-feira (1), uma reunião em Viena, no momento em que os Estados Unidos querem impor sanções a Teerã e acusam os europeus de "alinhar-se com os aiatolás"

AFP
01/09/2020 às 10:37.
Atualizado em 25/03/2022 às 11:14

Os signatários do acordo nuclear de 2015 com o Irã iniciaram, nesta terça-feira (1), uma reunião em Viena, no momento em que os Estados Unidos querem impor sanções a Teerã e acusam os europeus de "alinhar-se com os aiatolás".

Representantes do Irã, China, Rússia, Alemanha, França e Reino Unido estão reunidos em um hotel desde pouco antes do meio-dia, na esperança de mostrar uma frente unida quando Washington deseja estender o embargo de armas que expira em outubro.

Os Estados Unidos retiraram-se do acordo em 2018 e, em retaliação ao restabelecimento das sanções unilaterais, Teerã continua a produzir urânio, que ultrapassa quase oito vezes o limite autorizado, de acordo com o último relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de junho.

Em 21 de agosto, Washington ativou formalmente um procedimento polêmico na ONU pedindo o restabelecimento das sanções internacionais contra o Irã em um mês, mas seus aliados europeus se opuseram.

O tom aumentou nas últimas semanas: o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, chegou a acusar a França, o Reino Unido e a Alemanha de terem "optado por alinhar-se com os aiatolás" no poder na República Islâmica.

Em um contexto de tensão, a coesão entre iranianos, europeus, russos e chineses sofreu com a falta de cooperação de Teerã com a AIEA, órgão da ONU encarregado de controlar as atividades nucleares do Irã.

Há meses, o órgão pedia acesso a duas instalações iranianas para realizar os controles, mas o Irã recusava, o que complicou a posição dos europeus contra seu aliado americano.

Mas na quarta-feira, o Irã autorizou a AIEA, colocando-se "globalmente em sintonia com o resto do mundo, enquanto os Estados Unidos parecem isolados", estima Mark Fitzpatrick, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.

Os inspetores da AIEA vão poder colher amostras no local e, segundo um diplomata consultado pela AFP, levará "três meses para ter resultados".

De acordo com a agência Bloomberg, o Irã também transferiu recentemente centrífugas, usadas para enriquecer urânio, para uma nova sala em sua principal usina de combustível nuclear em Natanz, vítima de uma sabotagem em julho.

"As atividades nucleares do Irã continuam a ser uma grande preocupação para os Estados que se dedicam à não proliferação", estima Fitzpatrick, e as grandes potências devem lembrar Teerã dos compromissos assumidos em 2015.

A AIEA, que informa regularmente seus Estados membros sobre as atividades nucleares do Irã, publicará um novo relatório em setembro.

A reunião desta terça-feira, oficialmente chamada de "reunião da comissão conjunta do plano de ação global comum sobre o (programa) nuclear iraniano", é presidida por Helga Schmid em nome do Serviço Europeu de Ação Externa.

Participam representantes dos ministérios das Relações Exteriores dos seis países envolvidos.

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