INTERNACIONAL

Shing Ling, o soldado que desertou para não participar no 'banho de sangue' em Mianmar

O soldado birmanês Shing Ling, que desertou e está escondido em Yangon há duas semanas, está preparado para morrer se o Exército o encontrar, em vez de participar do "banho de sangue" contra os manifestantes

AFP
18/03/2021 às 07:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 08:52

O soldado birmanês Shing Ling, que desertou e está escondido em Yangon há duas semanas, está preparado para morrer se o Exército o encontrar, em vez de participar do "banho de sangue" contra os manifestantes.

Este militar quer que o mundo saiba de sua deserção e na semana passada publicou uma foto no Facebook onde aparece de frente para a câmera, de uniforme e mostrando três dedos em sinal de resistência.

Alguns o chamaram de "traidor", mas as reações foram em sua maioria positivas, com internautas elogiando sua "bravura" e "comportamento heroico".

Deserções são raras nas fileiras do poderoso Tatmadaw, o nome das forças armadas birmanesas, e raramente são anunciadas publicamente por medo de retaliação.

Os riscos são enormes. O código militar prevê a pena de morte para os soldados condenados por esses atos.

Mas "me sinto muito culpado e envergonhado" desde o golpe de Estado, disse à AFP Shing Ling, de 30 anos.

Em seis semanas, as forças de segurança mataram mais de 180 manifestantes pró-democracia, de acordo com a Associação para Ajuda a Presos Políticos (AAPP).

O número de mortos aumentou consideravelmente nos últimos três dias.

A junta parece mais determinada do que nunca a reprimir os protestos, apesar das condenações internacionais, especialmente da ONU, que denunciou prováveis "crimes contra a humanidade" e "um banho de sangue".

Para Shing Ling, o caminho para a deserção durou um mês.

Em 1º de fevereiro, os generais, alegando fraude nas eleições legislativas de novembro vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi, a derrubaram.

O soldado, "chocado", decidiu permanecer nas fileiras.

Mas as forças de segurança reprimiam cada vez mais as concentrações, em sua maioria pacíficas, e não hesitavam em usar armas letais.

"Uma vez eles usaram gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, mas também vi munição real. Comecei a abrir os olhos", conta.

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