INTERNACIONAL

Sergio Moro renuncia ao Ministério da Justiça por 'interferências políticas' de Bolsonaro

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (24) e acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar "interferir" nas investigações policiais

AFP
24/04/2020 às 21:08.
Atualizado em 31/03/2022 às 01:47

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (24) e acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar "interferir" nas investigações policiais.

Bolsonaro negou as acusações e afirmou que o ex-magistrado foi movido por seu "ego" e ambições pessoais.

A saída de Moro, para muitos símbolo da luta contra a corrupção, ocorre em meio à crise sanitária mundial, que na semana passada provocou a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, devido a desentendimentos com o presidente sobre as estratégias para enfrentar o novo coronavírus.

A causa desta nova convulsão política, segundo Moro, foi a destituição do diretor-geral da Polícia Federal (PF), órgão independente de investigação subordinado ao ministério da Justiça, publicada de madrugada no Diário Oficial.

"O presidente me disse mais de uma vez que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele [na Polícia Federal], que ele pudesse ligar, colher relatórios de Inteligência. Realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações devem ser preservadas", denunciou Moro em coletiva de imprensa em Brasília.

Também afirmou que Bolsonaro disse estar "preocupado" com algumas investigações em andamento e que esta foi uma das razões pelas quais queria mudar o chefe da PF, Maurício Valeixo, nomeado por Moro.

Cercado por todos os seus ministros e alguns colaboradores, Bolsonaro negou o que chamou de "acusações infundadas" de Moro. Também disse que o ex-juiz afirmou que aceitaria a demissão de Valeixo em troca de um cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele disse que antes de Moro se pronunciar, comentou com vários deputados: "Hoje vocês vão conhecer uma pessoa que tem um compromisso consigo mesmo, com seu ego, mas não com o Brasil".

O discurso de Bolsonaro foi acompanhado por panelaços em várias cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Esse tipo de manifestação é praticamente diária há várias semanas e protesta contra a oposição do presidente às medidas de isolamento social ordenadas por vários governadores para conter a disseminação da COVID-19.

A renúncia de Moro, o ministro mais popular do gabinete, derrubou a Bolsa de Valores de São Paulo (que fechou com uma queda de 5,45%) e afundou o real em relação ao dólar.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, indicado por Bolsonaro, pediu ao STF que investigue as acusações feitas por Moro.

A saída do ex-juiz dividiu a base de Bolsonaro e motivou uma série de críticas e pedidos de renúncia do chefe de Estado.

O deputado Capitão Augusto indicou que articulava a saída da bancada da segurança pública da base pró-governo.

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