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Senado brasileiro investiga gestão de Bolsonaro durante pandemia

O Senado iniciou uma comissão nesta terça-feira (27) para analisar o desempenho do governo durante a pandemia do coronavírus, uma investigação explosiva que pode impactar a tentativa de reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022

AFP
01/05/2021 às 04:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 00:00

O Senado iniciou uma comissão nesta terça-feira (27) para analisar o desempenho do governo durante a pandemia do coronavírus, uma investigação explosiva que pode impactar a tentativa de reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022.

O presidente desafiou continuamente as recomendações de saúde para controlar a propagação do vírus, criticou medidas de isolamento social, desconsiderou o uso de máscaras, questionou vacinas e promoveu medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença, como a hidroxicloroquina.

Enquanto isso, o Brasil enfrenta problemas na obtenção de vacinas para conseguir imunizar seus 212 milhões de habitantes, e se aproxima dos 400 mil mortos pela doença, balanço superado apenas pelos Estados Unidos.

Essa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) analisará se houve negligência ou atos de corrupção durante a gestão da pandemia, incluindo a crise de suprimento de oxigênio que em janeiro causou a morte por asfixia de dezenas de pessoas em Manaus, capital do Amazonas.

"Eu acho que vai criar muito problema para o presidente", disse à AFP o analista Andre Rehbein Sathler, doutor em Filosofia e pesquisador-associado da Unidade de Inteligência do Congresso em Foco.

"Não é só omissão, é ação mesmo do governo. O que o governo fez em relação à pandemia foi público e notório. Não precisaria de uma investigação. Está tudo escancarado", acrescentou.

"O governo Executivo foi ao Supremo para tentar barrar medidas que os governadores tomaram de distanciamento social, o governo não comprou as vacinas, minimizou a pandemia.... É só listar e denunciar o presidente", afirmou Sathler.

A CPI, que tem mandato renovável por 90 dias, foi instalada por despacho do Supremo Tribunal Federal (STF).

Esse tipo de comissão é espaço para ocorrência de revelações devastadoras e levar a diante processos de impeachment, como aconteceu com o presidente Fernando Collor, no início dos anos 1990.

Porém, também pode acabar resultando em nada, dependendo do momento político.

Bolsonaro aliou-se este ano aos partidos de centro-direita conhecidos como "Centrão", na esperança de se proteger de um eventual "impeachment".

Mas a aliança mostra sinais de fraqueza e as pesquisas mostram que ele pode ser derrotada nas eleições de outubro de 2022.

Alguns especialistas preveem que o governo tentará culpar o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, general do Exército, demitido por Bolsonaro em março, pelo desastre na saúde.

Mas, acrescentam, Pazuello poderá não entrar no jogo e arrastar outras pessoas para a sua ruína.

Os 11 membros da comissão elegeram para presidi-la o centrista Omar Aziz, cujo nome foi defendido pelo Executivo, e o opositor Randolfe Rodrigues como vice-presidente.

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