A imprensa esportiva sofre duramente com a interrupção inédita do noticiário devido à suspensão das competições esportivas por conta do coronavírus e, embora tente compensar abordando um conteúdo mais generalista ou apelando para matérias e vídeos de arquivo, enfrenta "o maior desafio" de sua história
A imprensa esportiva sofre duramente com a interrupção inédita do noticiário devido à suspensão das competições esportivas por conta do coronavírus e, embora tente compensar abordando um conteúdo mais generalista ou apelando para matérias e vídeos de arquivo, enfrenta "o maior desafio" de sua história.
Futebol, basquete, tênis, ciclismo... as competições nacionais e internacionais foram adiadas ou canceladas nos últimos dias à medida que a pandemia do coronavírus se propagada pelo mundo, deixando as mídias especializadas praticamente sem assunto e sua grande audiência sem seu passatempo favorito.
A Eurocopa e a Copa América, duas das competições mais importantes do futebol previstas para serem disputadas entre junho e julho, foram adiadas para 2021 e somente um evento segue na corda-bamba: os Jogos Olímpicos de Tóquio, agendados para começar em 24 de julho.
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, admitiu nesta segunda-feira (23) que o adiamento dos Jogos poderá se tornar "inevitável" e as dúvidas sobre a realização da Olimpíada é a única notícia de atualidade que alimenta as manchetes esportivas.
"O jornalismo esportivo neste momento está diante do maior desafio de sua história", admite à AFP Juan Ignacio Gallardo, diretor do jornal mais lido da Espanha, o esportivo Marca.
"Ficamos sem informação e precisamos nos reinventar", afirma Vicente Jiménez, diretor do principal concorrente, o diário As.
O desafio mais imediato consiste em se adaptar a esta "seca" de informação sem precedentes.
Assim, estes jornalistas espanhóis e veículos de referência em outros países, como o L"Equipe francês, reduziram o número de páginas em suas edições impressas.
Seus jornalistas se concentram, por exemplo, em cobrir o impacto da pandemia no esporte, como o italiano Gazzetta dello Sport, que dá protagonismo aos jogadores da Juventus que deram positivo para o coronavírus, mas também a dar informações gerais sobre a pandemia, algo inédito para a imprensa especializada.
"Pela primeira vez na história do Marca adicionamos duas páginas de informações gerais na edição impressa", explicou Gallardo, que também criou uma nova sessão chamada "Leituras para ficar em casa", com artigos sobre a história do futebol.
No As, cerca de quinze repórteres se dedicam a cobrir informações gerais para a edição impressa. No site, foi feita uma transmissão ao vivo sobre a crise do coronavírus.
Já o L"Equipe segue escrevendo matérias sobre esportes que ainda sobrevivem apesar da pandemia, como o sumô e o "e-sport", os jogos de videogame.