O centrista Francisco Sagasti toma posse, nesta terça-feira (17) como o novo presidente do Peru com o desafio de encerrar a crise política que afeta o país andino e conduzi-lo às eleições de abril de 2021, mas com o apoio dos cidadãos indignados que derrubaram seu antecessor
O centrista Francisco Sagasti toma posse, nesta terça-feira (17) como o novo presidente do Peru com o desafio de encerrar a crise política que afeta o país andino e conduzi-lo às eleições de abril de 2021, mas com o apoio dos cidadãos indignados que derrubaram seu antecessor.
O engenheiro e acadêmico de 76 anos será empossado em sessão plenária no Congresso marcada para 16h00 (18h00 de Brasília).
"Não é um momento de festa, temos muitos problemas, tragédias e dificuldades (...) É um momento para nos perguntarmos onde foi que perdemos o rumo", declarou Sagasti após ser eleito novo chefe do Congresso na segunda-feira.
Sua eleição, em votação na qual era o único candidato, fez dele automaticamente o novo presidente do Peru, o terceiro a ocupar o cargo em oito dias, um reflexo da fragilidade institucional do antigo vice-reinado espanhol.
"É uma escolha muito boa a de Francisco Sagasti como presidente", disse o analista político Augusto Álvarez Rodrich à AFP. "Sua eleição ajuda a construir um momento de estabilidade política e econômica, ele tem boas perspectivas", acrescentou.
A crise foi desencadeada em 9 de novembro pelo próprio Congresso, quando destituiu o popular presidente Martín Vizcarra (centro-direita) num processo relâmpago de impeachment, sob a acusação de suposta corrupção quando o chefe do Executivo era governador em 2014. A denúncia está sendo investigada pelo Ministério Público e a Justiça proibiu o ex-presidente de deixar o Peru por 18 meses.
No dia seguinte, o chefe do Congresso, Manuel Merino, também de centro-direita, tomou posse, mas milhares de cidadãos indignados, principalmente jovens, saíram às ruas para protestar contra o que chamaram de "golpe de Estado".
Os protestos, que duraram cinco dias, foram reprimidos com violência pela polícia, deixando dois mortos e mais de cem feridos.
A bancada do centrista Partido Morado de Sagasti foi a única que votou em bloco contra a destituição de Vizcarra, o que contribuiu para que assumisse a liderança do novo governo de transição até 28 de julho de 2021, dia do bicentenário da Independência do Peru.
As eleições presidenciais e legislativas estão convocadas para o próximo dia 11 de abril.
A eleição de Sagasti foi saudada na segunda-feira por centenas de manifestantes reunidos em frente ao prédio do Congresso, em outros pontos de Lima e em várias cidades.
"Ele é uma pessoa tecnicamente preparada, o que não acontecia com o usurpador anterior. Estou mais aliviado, mas ainda não satisfeito porque há membros do Parlamento que também deveriam sair", disse à AFP Walter Núñez, ator e palhaço de 30 anos.
"Todos os jovens sentem que alcançaram uma pequena conquista, mas não é suficiente. Este presidente tem que fazer algo para manter a democracia, mas a partir de abril, das eleições, depende de nós", disse Geraldine Aldave, designer de moda de 22 anos.
Sagasti disse que as prioridades de seu mandato de oito meses serão a pandemia do coronavírus (o país acumula 930 mil infecções e 35 mil mortes), a recessão econômica, o combate à corrupção e à insegurança, além da realização de eleições limpas.