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São Paulo inicia quarentena contra a vontade de parte da população

Com alguns céticos nas ruas, São Paulo vive nesta terça-feira (24) o primeiro dia de uma quarentena menos rigorosa que a de outros países, com a qual tenta conter a pandemia do novo coronavírus no estado mais populoso do país

AFP
24/03/2020 às 16:16.
Atualizado em 31/03/2022 às 07:06

Com alguns céticos nas ruas, São Paulo vive nesta terça-feira (24) o primeiro dia de uma quarentena menos rigorosa que a de outros países, com a qual tenta conter a pandemia do novo coronavírus no estado mais populoso do país.

Muitas pessoas, algumas com máscaras, saíram para caminhar ou andar de bicicleta pela Avenida Paulista, em um dia de céu limpo e com temperatura de 22ºC.

"Acho que estão exagerando, é um medida que está prejudicando a todo mundo. Não é tudo isso aí, não. Acho que os restaurantes poderiam seguir abrindo, é só afastar as mesas e botar álcool gel para higienizar as mãos", disse Ana Dias, de 71 anos, que saiu para fazer uma caminhada.

O governador João Doria decretou quarentena de 15 dias até o próximo 7 de abril, com "o fechamento de todos os serviços não essenciais", como forma de conter a pandemia que já deixou no estado 30 dos 34 mortos registrados no país, representando 40% dos 1.891 casos diagnosticados até a última segunda-feira no Brasil.

Ainda que não haja proibição de circulação como na Argentina ou Espanha, Doria ordenou que todas as pessoas ficassem em casa, com exceção das que precisam sair para trabalhar ou para alguma atividade essencial.

"Não estamos de férias, estamos em uma guerra (...) Não é hora de sair, a menos que seja algo absolutamente essencial. Entendam que estamos em uma guerra", disse o governador na segunda-feira (23).

Lojas puseram a medida em prática e em alguns bairros comerciais foram instaladas barricadas para impedir a passagem de veículos.

Porém, em bairros residenciais como nos arredores da Avenida Paulista, parte dos moradores, principalmente os maiores de 60 anos, está relutante em seguir a medida.

"Isso só afeta as pessoas que estão doentes ou tem pouco amor pela vida", afirma Luiz Andrade, de 71 anos, que saiu para "desfrutar a vida".

Quem deve sair por obrigação para trabalhar discorda.

"Tinham que ter fechado tudo", avalia Larissa Miranda, de 18 anos, enquanto limpava incessantemente a máquina registradora da banca de jornal em que trabalha.

"Estou muito preocupada. Para que me serve uma quarentena se para vir (trabalhar) tenho que andar de metrô com outras pessoas?", questiona.

Nos Jardins, bairro nobre da capital que concentra várias das mais reconhecidas clínicas do país, há um grande trânsito de funcionários da área da saúde, embora as emergências não estejam muito cheias.

A quarentena decretada por Doria não inclui as indústrias do estado de 45,9 milhões de habitantes, responsável por quase um terço do PIB do país.

Doria alegou que a indústria não tem contato direto com o público. E na segunda-feira acrescentou: "Se as fábricas pararem, teremos um colapso, não só em São Paulo".

São Bernardo do Campo, cinturão industrial da capital, funcionava a todo vapor.

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