INTERNACIONAL

Rússia impassível ante ameaças ocidentais pelo caso Navalny

A Rússia ignorou nesta sexta-feira a pressão dos países ocidentais pelo caso de Alexei Navalny e mostrou ceticismo sobre a hipótese de envenenamento com uma substância neurotóxica do líder opositor, como afirma a Alemanha

AFP
04/09/2020 às 12:15.
Atualizado em 25/03/2022 às 08:42

A Rússia ignorou nesta sexta-feira a pressão dos países ocidentais pelo caso de Alexei Navalny e mostrou ceticismo sobre a hipótese de envenenamento com uma substância neurotóxica do líder opositor, como afirma a Alemanha.

A Otan pediu a Moscou, um dia depois das ameaças de sanções da União Europeia (UE), que revele a totalidade do programa Novichok, o tipo de substância química criada pelos soviéticos nos anos 1970.

Para o Kremlin, os apelos ocidentais não mudam nada.

"Desde os primeiros dias foram examinadas pistas diferentes, entre elas o envenenamento, pelos especialistas russos", afirmou nesta sexta-feira o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.

"De acordo com nossos médicos, esta pista não foi confirmada. Outras pistas médicas estão sendo examinadas", completou.

O ministro do Interior, Vladimir Kolokoltsev, disse que "não há nenhuma razão" para pensar que um crime foi cometido.

Nos últimos dias, as autoridades russas afirmaram que Moscou não deveria ser culpada por nada e que qualquer sanção seria inadmissível e representaria uma "politização" do caso.

O governo alemão afirma ter "probas inequívocas" de que o opositor russo, hospitalizado em Berlim, foi envenenado com um agente do tipo do Novichok. A chanceler Angela Merkel exigiu explicações à Rússia.

Navalny, um advogado de 44 anos conhecido por suas investigações sobre a corrupção na elite política russa, passou mal em 20 de agosto durante um voo e foi internado em um hospital de Omsk, na Sibéria. Dois dias depois, ele foi transferido a Berlim, por pressão da família.

O Novichok já havia sido utilizado contra o ex-agente duplo russo Sergei Skripal e sua filha na Inglaterra há dois anos. De acordo com as autoridades britânicas, o GRU, serviço de inteligência militar russo, era o principal suspeito.

O caso provocou sanções contra a Rússia, que negou qualquer envolvimento.

O secretário-geral da Otan, Jess Stoltenberg, pediu nesta sexta-feira à Rússia que coopere plenamente com a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) em uma "investigação internacional imparcial", sobretudo levando consideração que a organização proibiu o Novichok.

Peskov já havia afirmado que a Alemanha é o país que precisa cooperar mais.

"O hospital de Omsk apresentava informações mais detalhadas e com mais frequência que Berlim sobre o estado do paciente", disse. Os médicos russos são "mais transparentes" que os alemães, disse.

O porta-voz do Kremlin, que nunca menciona o nome de Alexei Navalny, também comentou que os serviços secretos russos estavam "analisando" as afirmações do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, de que seu país interceptou uma conversa entre Berlim e Varsóvia que prova que o envenenamento foi uma "falsificação".

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