Vazão baixa

Rios bipolares

Rio Piracicaba registrou ontem vazão de 22,36m³/s, 74,65% abaixo da média histórica para junho. A profundidade chegou a 1,08 metro

Romualdo Cruz Filho
28/06/2022 às 06:58.
Atualizado em 28/06/2022 às 07:00
Vazão do rio Piracicaba ontem à tarde era de 22,36 metros cúbicos de água por segundo (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Vazão do rio Piracicaba ontem à tarde era de 22,36 metros cúbicos de água por segundo (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

A vazão média histórica (que considera a vazão do rio desde quando começou a ser monitorado) do rio Piracicaba para o mês de junho é de 88,19m³/s (88,19 mil litros por segundo). Até na tarde de ontem o manancial estava em 22,36m³/s. Abaixo, inclusive da vazão média deste mês, de 34,13m³/s. A média deste mês, portanto, está 74,65% abaixo da média histórica para o período. Comparando a vazão do dia 27/6/21, que foi de 25,95m³/s, a vazão de ontem estava 13,84% abaixo. Estes dados são da Sala de Situação PCJ.

Em relação ao nível do manancial, às 7h de ontem era de 1,08m metro de profundidade no ponto de coleta das informações, que é bem diferente dos pontos mais assoreados e rasos do rio, em que até mesmo os barcos leves estão com dificuldade para atravessar. A profundidade histórica para o mês é de 1,70 metro. Isso significa que o rio está, este ano, 56 centímetros mais raso que na média histórica do período. Em relação à mesma data do ano passado, ele está 5,43% abaixo (1,14 metro em 27/6/21).

Alexandre Vilella, coordenador CTMH dos Comitês PCJ, disse que, apesar do cenário de seca preocupante e de o Cantareira estar operando em estado de atenção, é preciso ter cuidado para se fazer comparações da situação atual do rio Piracicaba com a série histórica.

"Podemos dizer que nos últimos cinco, seis anos o clima e o rio têm se comportando dentro desses parâmetros de vazão e profundidade no mês de junho", explica. "A média histórica é muito influenciada por fatores extremos. Em 1983, por exemplo, tivemos uma grande cheia, o mesmo acontecendo em 2010/11. Por outro lado, tivemos uma crise hídrica bem profunda em 2014. Esses acontecimentos climáticos dificultam uma leitura linear". 

Segundo ele, o mais importante no momento é observar a vazão do rio Corumbataí, porque é ele que abastece 90% da cidade.

"Lá a vazão de hoje é de 2,61m³/s. Em época de cheia, chega a 40 m³/s. Mas qual a leitura possível sobre esses números? A situação é séria e as pessoas precisam consumir água com critério para não faltar. Temos que incentivar a redução de consumo porque temos ainda uma longa estiagem pela frente. Mas o volume de água disponível, com uma boa gestão, nos permite sobreviver. É fato que com a seca, a água fica mais cara, porque concentra mais poluição, tornando o tratamento mais complexo e exigindo mais energia. E quem paga essa conta é a população", detalhou.

Esta leitura técnica foi a que direcionou, segundo ele, os estudos para a construção de uma barragem no Corumbataí, para a preservação de água da cheia a ser usada nos períodos mais críticos de seca, como uma poupança. "Nossos rios são bipolares. No período das chuvas a preocupação é com a enchente, no período da seca, com a falta de água".

"A regulagem", explica o técnico, "é feita pelo Cantareira, que neste momento libera 10 m³/s de água para manter os rios Jaguari e Atibaia com volume mínimo adequado, uma vez que são eles os formadores do rio Piracicaba", conclui Vilella. 

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