O reverendo Akira Sato sonha em ouvir hinos ecoarem mais uma vez na igreja que foi forçado a deixar para trás após o desastre nuclear de Fukushima Daiichi, uma década atrás
O reverendo Akira Sato sonha em ouvir hinos ecoarem mais uma vez na igreja que foi forçado a deixar para trás após o desastre nuclear de Fukushima Daiichi, uma década atrás.
Dez anos depois que um tsunami sobrecarregou os sistemas de resfriamento da usina vizinha, levando-a ao colapso, a Primeira Igreja Batista Bíblica de Fukushima é uma carcaça assombrada por memórias.
"No passado, quando eu voltava aqui e olhava ao redor, não conseguia parar de chorar", contou Sato em uma visita à igreja na cidade de Okuma, a cinco quilômetros da usina danificada.
Ela fica na área de cerca de dois por cento da prefeitura de Fukushima que ainda é uma zona proibida por causa da radiação.
Os visitantes precisam de permissão para entrar e, para isso, devem usar trajes de plástico cobrindo o corpo e bolsas sobre os sapatos e cabelo.
Na igreja, que já recebeu uma congregação de dúzias de pessoas, o tempo parou.
Um aviso de um culto dominical que nunca foi celebrado ainda está afixado em um painel no portão de aço da entrada. Acima veem-se uma cruz danificada e um sino enferrujado.
Lá dentro, um raio de sol ilumina bancos vazios.
O silêncio é quebrado apenas pelo alarme de um contador Geiger indicando focos de radiação no templo.
A igreja de telhado íngreme é cercada por vastos terrenos baldios pertencentes a vizinhos que foram forçados a destruir casas que se tornaram inabitáveis pelo terremoto ou pela radiação.
Dentro da capela, várias bíblias e hinários estão em um pódio ao lado de um órgão que não é tocado desde o desastre.
O reverendo de 63 anos estava fora de Fukushima quando o terremoto aconteceu, e coube ao pastor Masashi Sato guiar dúzias de fiéis para longe da igreja de Okuma.
"Eu saí carregando apenas algumas garrafas de água e a Bíblia", disse o pastor, que não tem relação com o reverendo.