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Reverendo de Fukushima reza pelo retorno de igreja atingida pela radiação

O reverendo Akira Sato sonha em ouvir hinos ecoarem mais uma vez na igreja que foi forçado a deixar para trás após o desastre nuclear de Fukushima Daiichi, uma década atrás

AFP
09/03/2021 às 06:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:28

O reverendo Akira Sato sonha em ouvir hinos ecoarem mais uma vez na igreja que foi forçado a deixar para trás após o desastre nuclear de Fukushima Daiichi, uma década atrás.

Dez anos depois que um tsunami sobrecarregou os sistemas de resfriamento da usina vizinha, levando-a ao colapso, a Primeira Igreja Batista Bíblica de Fukushima é uma carcaça assombrada por memórias.

"No passado, quando eu voltava aqui e olhava ao redor, não conseguia parar de chorar", contou Sato em uma visita à igreja na cidade de Okuma, a cinco quilômetros da usina danificada.

Ela fica na área de cerca de dois por cento da prefeitura de Fukushima que ainda é uma zona proibida por causa da radiação.

Os visitantes precisam de permissão para entrar e, para isso, devem usar trajes de plástico cobrindo o corpo e bolsas sobre os sapatos e cabelo.

Na igreja, que já recebeu uma congregação de dúzias de pessoas, o tempo parou.

Um aviso de um culto dominical que nunca foi celebrado ainda está afixado em um painel no portão de aço da entrada. Acima veem-se uma cruz danificada e um sino enferrujado.

Lá dentro, um raio de sol ilumina bancos vazios.

O silêncio é quebrado apenas pelo alarme de um contador Geiger indicando focos de radiação no templo.

A igreja de telhado íngreme é cercada por vastos terrenos baldios pertencentes a vizinhos que foram forçados a destruir casas que se tornaram inabitáveis pelo terremoto ou pela radiação.

Dentro da capela, várias bíblias e hinários estão em um pódio ao lado de um órgão que não é tocado desde o desastre.

O reverendo de 63 anos estava fora de Fukushima quando o terremoto aconteceu, e coube ao pastor Masashi Sato guiar dúzias de fiéis para longe da igreja de Okuma.

"Eu saí carregando apenas algumas garrafas de água e a Bíblia", disse o pastor, que não tem relação com o reverendo.

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