INTERNACIONAL

Resolução da ONU condena o racismo, mas sem citar os EUA

O Conselho de Direitos Humanos da ONU adotou por unanimidade nesta sexta-feira (19) uma resolução condenando o racismo estrutural e a violência policial, embora não faça citação direta aos Estados Unidos

AFP
19/06/2020 às 14:25.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:27

O Conselho de Direitos Humanos da ONU adotou por unanimidade nesta sexta-feira (19) uma resolução condenando o racismo estrutural e a violência policial, embora não faça citação direta aos Estados Unidos.

O Conselho, um órgão das Nações Unidas com sede em Genebra, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018, adotou a resolução por consenso.

O texto, por iniciativa de vários países africanos, foi adotado em uma reunião de emergência convocada após a morte de Georges Floyd nos EUA, e as grandes manifestações contra o racismo em todo o mundo.

Floyd, um homem negro americano de 46 anos, morreu asfixiado por um policial durante sua prisão, em 25 de maio, em Minneapolis.

Em sua versão inicial, o documento pedia a criação de uma comissão internacional independente de inquérito para esclarecer o "racismo estrutural" nos Estados Unidos.

Esse tipo de comissão é uma estrutura de alto nível, geralmente reservada para grandes crises, como o conflito na Síria.

Mas o texto foi amenizado progressivamente e não faz referência aos Estados Unidos, algo muito criticado pelas ONGs.

A resolução simplesmente pede à Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, a chilena Michelle Bachelet, "que prepare um relatório sobre o racismo estrutural, as violações do direito internacional em relação aos direitos humanos e os maus-tratos pelas forças de segurança contra africanos e pessoas de origem africana".

O relatório deveria se referir, em particular, aos "eventos que levaram à morte de George Floyd e outros africanos e pessoas de origem africana, com o objetivo de ajudar a estabelecer responsabilidades e fazer justiça às vítimas", segundo a resolução.

As ONGs de direitos humanos acusaram os Estados Unidos de terem pressionado para a retirada do texto de grande parte de seu conteúdo original.

"Ao pressionar outros países para amenizar o que teria sido uma resolução histórica e isentando-os de qualquer investigação internacional, os Estados Unidos dão as costas de novo às vítimas da violência policial e negros", declarou a União Americana das Liberdades Civis (ACLU).

Sem mencionar os Estados Unidos, na última quarta Bachelet denunciou ao Conselho o "racismo estrutural" e pediu "um pedido de desculpas" por séculos de opressão à população negra, "com desculpas oficiais" e "reparações".

Após um minuto de silêncio em memória de todas as vítimas do racismo, a subsecretária-geral da ONU, Amina Mohammed, disse em uma mensagem em vídeo que era "responsabilidade" das Nações Unidas responder às vítimas do racismo.

Antes do início da reunião na quarta, cerca de 20 altos funcionários da ONU de origem ou ascendência africana, incluindo o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, assinaram pessoalmente uma declaração considerando que "a simples condenação de expressões e atos de racismo não é suficiente ".

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