Hospital Ilumina é fruto de repasse de R$ 27,8 milhões pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-15) (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)
A vereadora Ana Lucia Pavão (PL) apresentou o requerimento 725/22, discutido ontem na Câmara Municipal, solicitando informações ao Executivo sobre o Hospital Ilumina, da Associação Ilumina. Ela pergunta no documento se há informações oficiais sobre a nova diretoria da entidade, eleita recentemente, e sobre o funcionamento da unidade de saúde na cidade.
Segundo informações obtidas por Ana Pavão, a nova Associação Ilumina precisa ser oficializada e tornada pública. Se isso não aconteceu ainda, a entidade corre o risco de se manter na informalidade, sob o controle da fundadora da entidade, Adriana Brasil. "A informação não-oficial que temos é que os novos membros já foram eleitos e pretendem assumir em breve".
Contatada pela Gazeta de Piracicaba, Adriana Brasil não quis se manifestar. "Não temos nada a declarar por enquanto", disse ela por intermédio de sua assessoria de imprensa. A parlamentar enfatizou que todos os questionamentos feitos à Associação Ilumina também foram em vão. "Não conseguimos contato com ninguém da Associação Ilumina", disse Ana Pavão.
O requerimento tem, portanto a finalidade de tentar elucidar os fatos. "Precisamos que a prefeitura se manifeste a respeito. Não podemos ficar quietos, pois o Ilumina não é da senhora ex-presidente. É do povo e queremos satisfação. As informações que tenho, vieram de uma pessoa que trabalhava lá (no hospital Ilumina) e disse estar em home office sem receber. Ela nos alertou sobre essa nova diretoria", observou a vereadora.
Ana Pavão questiona ainda os títulos de capitalização do hospital, que continuam sendo vendidos. "Para quem está indo esse dinheiro, se o Ilumina está fechado?" Ela pretende se reunir com Henrique Prata, do Hospital do Amor, de Barretos - grande incentivador do Hospital Ilumina e parceiro da iniciativa na origem do projeto - para entender como tudo começou e qual foi o motivo do rompimento entre Prata e Adriana Brasil. "Só estou aguardando ele retornar do exterior".
Há 7 meses
O Hospital Ilumina está há mais de sete meses fechado. O Ministério Público já foi acionado para investigar a questão há mais de 100 dias e ainda não se manifestou. Ontem de manhã (14), o Primeiro Registro de Imóveis e Anexos de Piracicaba passou a Antonio Manoel da Silva, o Toninho, do Alto do Taquaral, líder comunitário, que sempre trabalhou como voluntário para a Associação Ilumina, a certidão de cópia da ata em que consta a última diretoria registrada da Associação Ilumina. Ainda consta a velha diretoria, eleita em 2020.
O Hospital Ilumina, da Fundação Ilumina, é fruto de repasse de R$ 27,8 milhões pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-15), decorrentes de indenização por danos morais coletivos acordada no caso Shell/Basf, de multas aplicadas à empresa Basf por contaminação de solo, levando muitas pessoas à morte por câncer. Sua construção foi iniciada em dezembro de 2017, com inauguração em maio de 2019.
De lá para cá, a entidade firmou parceria com a prefeitura, junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mas nunca conseguiu desenvolver seus compromissos duradouros de rastreamento de câncer dentro do protocolo legal exigido pelo poder público. Várias emendas parlamentares foram destinadas à manutenção da unidade, mas nada foi suficiente para mantê-la operante.