Apenas dois representantes reeleitos não são de partidos do prefeito eleito
Durante a apuração dos votos, a expectativa dos piracicabanos foi grande (Del Rodrigues)
Os piracicabanos promoveram a renovação de quase 50% da Câmara de Vereadores e apenas dois representantes reeleitos não são de partidos da coligação do prefeito eleito Barjas Negri que é do PSDB e teve apoio do PMDB, PTB, PPS, PV, PTN, PHS, SD, PP, PRB, PSC e PSL. São eles: Laércio Trevisan Júnior (PR) e Paulo Campos (PSD). Campos é do mesmo partido do candidato derrotado, Luciano Almeida, que fez coligação com o PR de Trevisan e o PRP. O vereador com maior número de votos - mais uma vez e que vai iniciar o sexto mandato em 2017 - é Ary de Camargo Pedroso Júnior (SD), com 5.377 votos. O vereador reeleito, Trevisan Júnior, afirmou que vai se manter na oposição, atuando na fiscalização do Executivo e propondo leis. "Vou continuar com minha atuação independente, em favor da sociedade. Pretendo propor projetos e ações para a toda a população. Continuarei cobrando a melhoria da saúde, o combate ao desemprego - vou exigir que a futura administração traga mais empresas - e para que a cidade tenha mais segurança", afirmou Trevisan Júnior. Ary Pedroso Júnior, 53 anos de idade, afirmou que sua expressiva votação se deve ao "carinho que tenho com o eleitor. As pessoas andam muito individualistas. Sei que essa não é a função do vereador, mas como médico, atuando pelo SUS desde que cheguei à cidade em 1990, faço um trabalho em defesa da saúde na Câmara e com isso as pessoas, mais uma vez, depositaram confiança em meu trabalho", disse. Alguns candidatos que tiveram votação expressiva, como Paulo Camolesi (REDE), o sétimo mais votado, não foram eleitos por causa do quociente eleitoral, que é o cálculo que define a distribuição proporcional das Câmaras Municipais pelos votos obtidos pelos partidos ou coligações. As vagas são preenchidas pelos candidatos mais votados da lista da legenda ou coligação, até o limite das vagas obtidas, conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Das 23 vagas, 11 serão ocupadas por pessoas eleitas pela primeira vez e duas delas são mulheres, Nancy Thame (PSDB) e Coronel PM Adriana Sgrigneiro (PPS). O Loca (PPS) foi eleito pela comunidade de Santana e Santa Olímpia, que se uniu em torno de sua candidatura. Para o professor Victor Kraide Corte Real, doutor em ciências da comunicação (ECA/USP), docente e integrador acadêmico na PUC-Campinas, a presença de apenas duas mulheres entre as 23 vagas no Legislativo "é um número ainda extremamente baixo. Já tivemos uma evolução, mas essa presença feminina pode e deve ser ampliada". Sobre o aumento de vereadoras - de uma para duas - a professora Tânia Barbosa Martins, do Programa de Pós-Graduação em educação da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), e que atua no desenvolvimento de pesquisas educacionais em interlocução com a político-econômica, afirmou: "Pela conta, diríamos que houve um aumento de 100%, o que não significa nada especial. Continua um número irrisório, ainda mais se considerarmos o baixo quantitativo de mulheres que foram candidatas, tanto à prefeitura quanto à Câmara de Vereadores". Governabilidade A renovação de aproximadamente 50% dos vereadores é um número expressivo, conforme Corte Real, e surpreendeu até mesmo a classe política, conforme apurou a Gazeta. "Ela demonstra justamente um interesse dos eleitores em mudanças no Legislativo e perspectivas de determinados setores da sociedade se sentirem melhor representados na Câmara", disse. Ele afirmou ainda que a vitória da ampla maioria de vereadores da coligação do prefeito eleito sinaliza uma gestão bastante tranquila em termos do relacionamento entre os poderes Executivo e Legislativo em Piracicaba. "Ou seja, Barjas Negri terá condições de governar com forte apoio da Câmara. A ausência de uma oposição mais intensa é um reflexo das escolhas dos eleitores, portanto, faz parte do processo democrático. Cabe agora aos eleitores que não se sentirem representados pelos vereadores eleitos acompanharem mais as sessões da Câmara e assumirem esse papel de fiscalização e de pressão". Os professores analisaram ainda a ausência nas urnas e os votos brancos e nulos dessa eleição. Dos 280.810 eleitores da cidade, 60.418 não compareceram às urnas. Dos 223.392 eleitores que votaram no domingo, 12.264 optaram pelo voto em branco e 23.168, nulo. O professor afirmou que não acredita que as abstenções possam ser relacionadas diretamente como uma forma de protesto dos eleitores. "Elas caracterizam muito mais um cenário de desgaste e desinteresse da população com temas políticos. Já o número de brancos e nulos, sim, historicamente representa uma forma de expressão declarada de rejeição e protesto", afirmou. Para Tânia, a quantidade de abstenção é "relativamente normal dado o alto fluxo de pessoas no território, um pouco elevado com relação a outros momentos. Não significa que há uma tendência, apenas um pico". Quanto aos votos brancos e os nulos, a professora explica que eles possuem conotações diferentes. "A análise conjunta de ambos pode oferecer pistas. Um eleitor pode apenas não estar satisfeito com os quadros de candidatos, entretanto, em geral, representam uma apatia política, comum em nossa história. O que chama a atenção é a alteração da ordem, havendo mais votos nulos a brancos, em um número bem expressivo". Mandato Para Corte Real, os políticos devem analisar o resultado das eleições com atenção. "Mesmo que as abstenções não sejam interpretadas diretamente como uma forma clara de protesto, ainda assim devem ser recebidas pelos políticos, ao lado dos votos brancos e nulos, como uma demonstração de distanciamento da população do cenário eleitoral e, consequentemente, político. Portanto, os políticos eleitos devem pensar em estratégias para envolver a população nas tomadas de decisão do município, pois a insatisfação representada pela redução no total de votos válidos pode vir a refletir em insatisfação na condução dos mandatos". A professora Tânia ressaltou que os políticos eleitos têm de ter ainda mais consciência de sua função de vereador e do papel do Legislativo. "A oposição é fundamental no próprio jogo político, ou seja, a oposição exerce o governo tanto quanto a situação. Fazer oposição é governar conjuntamente. A Câmara de Vereadores deve exercer um papel primordial de fiscalizador do Poder Executivo. Assim, se, de um lado, o atual quadro pode favorecer a governança, pode, de outro lado, trazer um aspecto negativo que é justamente a acomodação política na Câmara e até mesmo possibilidades de mau governo no Executivo. Sem a oposição formal, o equilíbrio somente pode ser exercido pela própria população e suas organizações, assumindo-se cidadãos e partícipes dos atos políticos municipais, apresentando suas demandas e exercendo o controle político". Vereadores eleitos (2017/2020) Ary Pedroso (SD) - 5.377 Paulo Campos (PSD) - 4.770 Paulo Henrique (PRB) - 3.673 Rerlison Rezende (Relinho) (PSDB) - 3.524 André Bandeira (PSDB) - 2.779 Gilmar Rotta PMDB (PP) - 2.746 Isac Souza PTB - 2.670 Laercio Trevisan Jr (PR) 2.502 Maestro Jonson (PSDB) - 2.457 Dirceu (SD) - 2.434 Matheus Erler (PTB) - 2.310 Pedro Kawai (PSDB) - 2.258 Coronel Adriana (PPS) - 2.104 Paulo Serra (PPS) - 2.015 Zé Longatto (PSDB) - 1.842 Lair Braga Radialista (SD) 1.821 Capitão Gomes (PP) - 1.794 Nancy Thame (PSDB) - 1.781. Loca (PPS) 1.751 Wagnão (PHS) - 1.654 Ronaldo Moschini (PPS) - 1.626 Osvaldo Schiavolin Tozão (PSDB) - 1.477 Marcos Abdala Barbeiro (PRB) - 1.224 PSDB lidera nas cidades vizinhas m Águas de São Pedro, foi eleito o tucano Paulo Barboza, com 1.290 votos (44,54%) e em segundo ficou Maria Ely (DEM), que obteve 1.099 votos (37,95%). Em Charqueada, Romeu Verdi (PSDB) foi eleito com 6.188 votos (62,78%), o candidato Ulisses Roccia (PSB), teve 1.653 votos (16,77%) e o atual prefeito, José Piazza (PR), 1.165 votos (11,82%). Carlos Defavari (PSDB) foi eleito em Rio das Pedras por 13.517 eleitores (80,48%). Em São Pedro, o prefeito Helinho Zanatta (PPS) foi reeleito com 13.974 votos (77,92%). Em Salinho venceu o tucano Carlinhos Lisi, com 2.332 votos (45,63%).