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Renda universal tem nova chance em meio a pandemia

Até recentemente, era rejeitada no país símbolo do capitalismo, mas com o duro golpe do coronavírus na economia dos Estados Unidos, a ideia de pagar a cada habitante uma renda básica recebe atenção renovada

AFP
25/03/2020 às 13:50.
Atualizado em 31/03/2022 às 06:41

Até recentemente, era rejeitada no país símbolo do capitalismo, mas com o duro golpe do coronavírus na economia dos Estados Unidos, a ideia de pagar a cada habitante uma renda básica recebe atenção renovada.

Denunciada como muito cara ou muito "socialista", pagar às pessoas simplesmente por estarem vivas e confiantes de que serão produtivas ganha novos defensores à medida que as empresas fecham e o desemprego dispara.

O pacote de resgate acordado no Congresso dos Estados Unidos para compensar o golpe gigantesco causado pela pandemia de coronavírus na economia inclui cheques de US$ 1.000 por adulto e US$ 500 por criança para as famílias mais desfavorecidas. Isso representaria um passo na direção da "renda básica universal".

O ex-candidato presidencial democrata Andrew Yang defendeu a ideia ao longo de sua campanha, para vê-la derrubada por oponentes e especialistas em economia como um projeto idealista e impossível de financiar.

Agora, à medida que mais e mais americanos são isolados em suas casas e a economia está recuando, até conservadores como o ex-candidato à presidência republicana e o senador Mitt Romney defendem a ideia.

A cidade de Stockton, no norte da Califórnia, é um laboratório de renda básica universal.

No ano passado, 125 moradores das comunidades mais desfavorecidas receberam US$ 500 por mês, em um programa para determinar se esse dinheiro ajuda a aliviar a pobreza.

Stockton está em uma região dominada pela agricultura, e a cidade ficou tão devastada pela crise financeira de 2008 que declarou falência. De acordo com resultados preliminares, os participantes do experimento gastam cerca de 40% do dinheiro em alimentos.

"Esse dinheiro me deu um pouco de paz", diz Lorrine Paradela, que está criando seus dois filhos sozinha. Ela se lembra de voltar para casa depois de trabalhar em dois empregos, ainda preocupada em encher a geladeira e pagar contas, sob pressão incessante para ganhar mais dinheiro.

"Às vezes eu comprava comida apenas para meus filhos, não para mim", conta.

Com o programa, ela conseguiu largar o segundo emprego e obteve um empréstimo para comprar um carro. "É uma grande ajuda".

O programa está mostrando que um pequeno aumento na renda pode fazer uma tremenda diferença para pessoas que vivem com orçamentos apertados, de acordo com o prefeito de Stockton, Michael Tubbs.

"Acho que, no longo prazo, veremos efeitos positivos em termos de pessoas vivendo mais felizes e menos doentes, mais produtivas e mais capazes de fazer o que for necessário para a sociedade prosperar", disse Tubbs à AFP.

O programa em Stockton é apoiado pelo Programa de Segurança Econômica, criado por Chris Hughes, co-fundador do Facebook. Seu objetivo: acabar com a pobreza e reconstruir a classe média, principalmente através de pagamentos mensais a famílias com renda inferior a US$ 50.000 por ano.

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