O Reino Unido coloca à prova as consequências do Brexit e de sua saída do mercado único europeu e da união aduaneira nesta segunda-feira (4), em particular nas fronteiras, onde milhares de caminhões devem cruzar o Canal da Mancha após um fim de semana tranquilo
O Reino Unido coloca à prova as consequências do Brexit e de sua saída do mercado único europeu e da união aduaneira nesta segunda-feira (4), em particular nas fronteiras, onde milhares de caminhões devem cruzar o Canal da Mancha após um fim de semana tranquilo.
O sucesso do período pós-Brexit é crucial para o primeiro-ministro Boris Johnson, que também tem outros assuntos urgentes a tratar.
O Reino Unido está sendo duramente atingido pelo coronavírus, com mais de 75.000 mortes, um dos piores balanços da Europa, assim como pela crise econômica que o acompanha.
O Brexit também ameaça a unidade do país.
A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, pressiona o governo britânico a lhe conceder o direito de realizar um novo referendo de independência. Em caso de vitória, Sturgeon prometeu que a Escócia, que havia votado 62% contra o Brexit em 2016, entraria na União Europeia.
A nova vida do Reino Unido fora da UE, depois de quase meio século de adesão ao bloco, começou sem problemas até o momento.
O acordo comercial assinado na noite de Natal entre Londres e a UE, uma semana antes do fim do período de transição pós-Brexit, evitou tarifas e cotas que poderiam causar um caos na fronteira.
Mas a volta das formalidades alfandegárias que haviam desaparecido há décadas pode causar problemas a partir desta segunda-feira, quando a atividade econômica for retomada a pleno vapor.
Para circular no condado de Kent, os caminhoneiros que se dirigem para a Europa agora precisam de uma autorização, emitida eletronicamente, mostrando que eles preencheram a papelada necessária com antecedência. Quem não estiver o documento, está sujeito a multas de até 300 libras (334 euros, ou 410 dólares).
O governo se preocupa com que os caminhoneiros viajem para Dover sem essa autorização, o que pode causar atrasos e bloqueios no porto e em seus arredores.
Londres acredita que a maioria das grandes companhias está preparada para as novas regras, mas é possível que cerca de metade das pequenas e médias empresas ainda não tenha dado os passos necessários para exportar para a Europa.
Para evitar congestionamentos, o governo instalou enormes estacionamentos e autorizou a entrada na região de Kent.
Ao chegar ao território britânico na manhã de sexta-feira, Alexandru Rareci, um caminhoneiro da Romênia, disse à AFP que fez uma viagem "perfeitamente normal". Para a volta, disse, no entanto, não ter ouvido falar da permissão para circular em Kent.
Os novos trâmites aduaneiros se somam à obrigação dos caminhoneiros de apresentarem um teste de covid-19 negativo 72 horas antes de cruzarem o Canal da Mancha. Esta foi uma medida imposta pela França para evitar casos de contágio importados.
O Departamento de transporte do Reino Unido anunciou, no sábado, que 20 novos pontos de teste seriam estabelecidos no país no fim de semana, seguidos por outros ao longo desta semana.