TEMPO SECO

Queimadas: focos preocupam pequenos produtores

Aumentou a incidência de casos de fogo nestes espaços

Adriana Ferezim
adriana.ferezin@gazetadepiracicaba.com.br
18/07/2018 às 09:33.
Atualizado em 19/04/2022 às 02:22

Quarta-feira, 18 de julho de 2018 Pequenos produtores de cana-de-açúcar estão preocupados com os focos de incêndio que têm atingido os canaviais, principalmente nos últimos 15 dias, nas áreas entre Piracicaba e Santa Bárbara D'Oeste. A Associação dos Fornecedores de Piracicaba e Região (Afocapi) também desconfia de ato criminoso, além do clima quente e seco que atinge a região e pode provocar queimadas. Um pequeno produtor, que pediu para não ser identificado, explicou que há cerca de 10 anos eles não realizam a queimada para colher a cana. "Nós nos preparamos para usar a palha como adubo e a usina faz a colheita mecanizada. Estamos sendo prejudicados pela queimada, que só pode ser criminosa, porque surgem diversos focos ao mesmo tempo e prejudica também o Meio Ambiente, a qualidade do ar. Todos estamos sendo afetados", comentou. Para ele, o fato de quatro ou cinco focos de fogo surgirem ao mesmo tempo indica crime. "Não sei quem está por trás, ou o que querem. Se são pessoas que veem a cana seca e simplesmente ateiam fogo porque gostam, ou são alguns indignados com a venda da usina (Furlan). O fato é que estão queimando e nós somos prejudicados, porque as pessoas da cidade nos acusam de colocar fogo, mas nós sabemos que é proibido e há muitos anos isso não é feito mais", afirmou. O presidente da Afocapi, José Coral, afirmou que é difícil combater a queimada criminosa ou a que surge por causa do tempo seco. "Com essa seca, o pessoal passa e joga cigarro, se tiver um caco de vidro, com esse sol forte também causa incêndio. Os produtores não queimam mais, já se organizaram e estão sob o risco de terem queimada a cana que ainda não está no ponto de ser colhida. Eles também recebem uma multa pesada", disse. Técnicos Coral ressaltou que os técnicos da Afocapi estão em campo todos os dias para ajudar os produtores, mas não conseguiram localizar os responsáveis no caso dos incêndios criminosos. "Estão surgindo vários focos de queimada ao mesmo tempo. Os caminhões-pipas da usina não sabem nem para que lado vão primeiro, quando isso acontece. Parece ser um ato criminoso sim", comentou. Ele disse que os técnicos apuraram dois focos de queimada na região, em duas propriedades diferentes. "Eles também mantém contato com a usina que tem feito ações para combater os incêndios", afirmou. Em nota enviada pela Raízen, a empresa reforçou que não pratica a queima de cana e segue as diretrizes do Protocolo Agroambiental, que determina a eliminação do uso do fogo na colheita de cana no Estado de São Paulo. "Atualmente, a empresa possui 98% de sua operação mecanizada e não utiliza fogo como método pré-colheita. A empresa monitora diariamente seus canaviais para prevenir e combater eventuais incêndios de origem desconhecida ou acidental, como é o caso daqueles provenientes de fogueiras e outras fontes - como cigarros, por exemplo - em áreas de grande circulação, principalmente próximas a cidades e rodovias", explicou, em nota. A Cetesb não retornou questionamentos feitos pela Gazeta sobre as queimadas, até o fechamento desta edição.

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