Este ano, até o momento, foram feitos 2.100 (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)
Em balanço de desempenho, referente ao primeiro quadrimestre deste ano, tornado público na quarta-feira (25), pela Secretaria de Saúde, os atendimentos veterinários desenvolvidos pela equipe do Canil Municipal apresentaram forte queda, caindo pela metade em relação ao ano passado. De 12.080 atendimentos em 2021, a previsão é que neste ano sejam realizados em torno de 6.300, considerando-se que até o momento apenas 2.100 foram executados.
Os protetores independentes e de ONGs, preocupados com o serviço de castração, entendem que a queda nos atendimentos acontece devido a erro de foco do governo.
A protetora independente Thatuly Duda não critica o que vem acontecendo enquanto processo de construção de um trabalho do Canil. "Acho apenas que precisa de alguns ajustes para que o serviço chegue às pessoas que realmente precisam". Ela critica, por exemplo, o fim do agendamento de castrações nos postos de saúde. "Isso dificulta o acesso da população dos bairros ao serviço, o que fez despencar o número de atendimentos. O agendamento 100% online beneficia apenas um certo público, que poderia pagar pelo serviço, enquanto as pessoas mais simples não têm acesso a esse sistema".
A crítica ao agendamento exclusivo pela internet também é motivo de crítica para Andrélia Margoni, da entidade Amantes de Gatos. Ela disse que o Canil tem acelerado seu trabalho de castração com os plantões aos sábados, no entanto, o serviço está beneficiando apenas uma classe média e média alta, que tem condições financeiras de pagar uma clínica particular
Andrélia destaca assim o erro de foco do governo em relação ao público-alvo. "Se você for ao canil, vai ver só carrões. São tutores que não precisariam daquele serviço gratuito. Mas têm acesso à internet e fazem os agendamentos, enquanto o pobre não tem internet e fica fora do serviço". A solução para ela também é a volta dos agendamentos nos postos de saúde.
A mesma opinião é compartilhada por Marcos Stenico, vice-presidente da ONG Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais (SPPA), que tem trabalhado ao lado do governo. "Vejo que uma das coisas que pode ter dificultado (o desempenho) é a alteração do processo de agendamento de castrações, o que antes era feito nos postinhos agora é unicamente pelo site. Isso deve ser alvo de melhorias pelo órgão".
Thatuly acha ainda que o governo municipal deveria desenvolver uma política mais intensa de colaboração com os protetores independente. "Piracicaba tem o privilégio de ter muitos protetores independentes. São eles que estão nos bairros e sabem onde estão os problemas da cidade. Eles estão nas comunidades, onde muitos não sabem ler nem escrever". Ela considera também importante um trabalho de divulgação de todos os serviços de atendimento aos animais. "O que não vem sendo feito".
Prefeitura
A Secretaria de Saúde, por meio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), informa que os atendimentos veterinários voltados à zoonose e aos maus-tratos de animais eram todos registrados somente na Secretaria de Saúde até dezembro/2021.
A partir deste ano, este trabalho foi reestruturado com a criação do Núcleo de Bem-Estar Animal (NBEA) – que é gerido pela Sedema (Secretaria de Defesa do Meio Ambiente) – onde as ações orientações de guarda responsável, ações educativas e recolhimento de animais que antes eram contabilizados junto a Saúde, hoje é feito diretamente junto a Sedema; além disso, as denúncias de maus tratos aos animais, que também eram vinculadas a Saúde, agora estão com a Guarda Civil Municipal (153).
No âmbito das castrações, por exemplo, após recebimento de muitas reclamações da população e de protetores de animais independentes quanto às filas geradas nos postos de saúde para agendar o procedimento, a prefeitura disponibilizou o sistema de agendamento online por meio do site https://aspa.piracicaba.sp.gov.br/web/, o que ajudou a diminuir a fila de espera para a castração.
Além disso, com o agendamento online, o número de faltas para castrações também diminuiu. Em 2021, eram disponibilizados 600 vagas/mês para castração de cães e gatos, porém, média de 150/mês não compareciam. Atualmente, segue sendo ofertado 600 vagas/mês, porém a média de faltosos está em 50/mês.
Parte deste resultado deve-se ao trabalho conjunto realizado pelas equipes da Saúde e Sedema, com apoio dos protetores de independentes de animais, junto às comunidades carentes da cidade e, também, por meio do programa CastraFácil que realiza, aos sábados, a castração de 50 animais de rua ou pertencentes a tutores de regiões carentes, por meio de agendamento realizado com suporte dos protetores independentes.
