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Quantos mortos o coronavírus pode fazer?

Quantos mortos o coronavírus fará? Ainda não há resposta a essa pergunta, mas, na pior das hipóteses, pode chegar a milhões em todo o mundo, alertam especialistas, que, portanto, insistem na importância de medidas como confinamento

AFP
17/03/2020 às 15:05.
Atualizado em 04/04/2022 às 23:40

Quantos mortos o coronavírus fará? Ainda não há resposta a essa pergunta, mas, na pior das hipóteses, pode chegar a milhões em todo o mundo, alertam especialistas, que, portanto, insistem na importância de medidas como confinamento.

"Temos que ser realistas e honestos: sim, é possível, e nosso trabalho, nosso desafio, é garantir que isso não aconteça", insistiu no domingo na CNN Anthony Fauci, especialista mundialmente respeitado, a quem foi perguntado se era possível que centenas de milhares de americanos morressem de Covid-19.

Essas hipóteses são baseadas em simulações matemáticas construídas de acordo com o que sabemos sobre a doença (contagiosidade, suposta mortalidade etc.).

Deve-se entender que essas projeções não são bolas de cristal, mas ferramentas para orientar políticas públicas. Por isso, consideram o pior dos casos.

A mais importante foi divulgada na segunda-feira pelo Imperial College London (ICL), que a "comunicou aos formuladores de políticas do Reino Unido e de outros países nas últimas semanas".

Primeira observação: "Se nenhuma ação for tomada contra a epidemia, poderíamos esperar cerca de 510.000 mortes na Grã-Bretanha [em uma população de 66 milhões] e 2,2 milhões nos Estados Unidos" [de 330 milhões]. E isso sem levar em consideração as mortes adicionais causadas pela saturação dos hospitais.

Para chegar a esse tipo de estimativa, os pesquisadores partem de um dado aceito: na ausência de medidas para combater a epidemia, cada paciente de Covid-19 contamina de duas a três pessoas. Nesse caso, "81% da população britânica e americana" acabaria sendo infectada.

Em seguida, aplica-se a taxa de mortalidade estimada da doença, em torno de 1% das pessoas que relatam sintomas, sabendo que uma grande proporção de pessoas infectadas não relatam sintomas, ou muito poucas.

No entanto, esses números impressionantes de mortes são apenas teóricos, pois são calculados com base no pressuposto de que os países não realizem nenhuma ação, o que não é o caso.

Resta ver como cada um deles é eficaz. Isso é o que os pesquisadores do ICL tentaram avaliar.

Conclusão: medidas para "mitigar" a epidemia (quarentena de casos identificados e suas famílias, isolamento de indivíduos em risco, como idosos ou que sofrem de outras patologias) não seriam suficientes para reduzir drasticamente o número de mortes.

"Os países que são capazes de fazê-lo" deveriam optar por uma segunda estratégia, de "contenção", que visa diretamente o fim da epidemia.

Mas pressupõe medidas muito mais rigorosas, como o isolamento ("distanciamento social") de toda a população ou o fechamento de escolas.

Essas medidas têm "custo econômico e social significativo", reconhecem os pesquisadores. Segundo eles, poderiam, portanto, ser reduzidos pontualmente, mas deveriam ser repostos assim que o número de casos começar a aumentar novamente.

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