No dia 4 de novembro o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ordenou uma operação militar contra as autoridades dissidentes na região de Tigré, norte da Etiópia
No dia 4 de novembro o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ordenou uma operação militar contra as autoridades dissidentes na região de Tigré, norte da Etiópia.
Esta é a situação após quatro semanas de um conflito armado que o governo etíope considera "encerrado".
O conflito tem o exército federal etíope contra as forças da Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF), o partido que governa este território onde vive a minoria Tigrés (6% dos 110 milhões de etíopes) e que desafiava a autoridade de Abiy há vários meses.
Ao tomar posse como primeiro-ministro em 2018, Abiy Ahmed afastou progressivamente a TPLF do sistema político e de segurança da Etiópia, que a Frente controlava há quase 30 anos.
Também assinou a paz com a vizinha Eritreia, um grande inimigo da TPLF desde a guerra entre os dois países entre 1998 e 2000. O acordo rendeu o prêmio Nobel da Paz em 2019 Abiy Ahmed.
Em setembro, meses de tensões entre Abiy e a TPLF resultaram em eleições regionais em Tigré, consideradas "ilegítimas" por Adis Abeba.
No início de novembro, os ataques a duas bases do exército federal em Tigré, desmentidos pela TPLF mas atribuídos às forças locais por Abiy, justificaram o envio do exército para substituir a TPLF por "instituições legítimas".
As restrições impedem a verificação das afirmações dos dois lados, apesar de a rede de telefonia móvel e internet, cortada desde 4 de novembro, ter sido restabelecida em várias localidades do oeste de Tigré, sob controle do exército federal há quase três semanas.
Para o governo federal, as operações militares "terminaram" desde o anúncio de que o exército assumiu o controle da capital regional Mekele, no sábado, depois de 24 dias de conflito.
O governo afirma ainda que assumiu o controle quase total de Tigré.
O exército iniciou operações para procurar os líderes da TPLF, localizados 50 quilômetros ao oeste de Mekele, afirmou Abiy na segunda-feira.
A situação era considerada "tranquila" em Mekele, apesar dos "muitos saques", afirmou uma fonte diplomática no início da semana.
Mas o presidente de Tigré, Debretsion Gebremichael, acusou Abiy na segunda-feira de "tentar enganar a comunidade internacional a acreditar que tudo acabou" e afirmou à AFP que os confrontos prosseguiram no domingo ao norte de Mekele.
Também declarou que suas tropas recuperaram a histórica cidade de Aksum e derrubaram um aparelho militar etíope. Não foi possível verificar as afirmações com fontes independentes e Adis Abeba permanece em silêncio.