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'Pulmão do mundo fica sem oxigênio', diz médico na Amazônia peruana

A Amazônia, chamada por muitos de "o pulmão do mundo", está ficando sem oxigênio para atender os pacientes nos hospitais da floresta peruana, advertiu uma autoridade médica regional nesta quinta-feira (14)

AFP
15/05/2020 às 05:26.
Atualizado em 30/03/2022 às 01:04

A Amazônia, chamada por muitos de "o pulmão do mundo", está ficando sem oxigênio para atender os pacientes nos hospitais da floresta peruana, advertiu uma autoridade médica regional nesta quinta-feira (14).

"O pulmão do mundo morre por falta de oxigênio e essa é a nossa triste realidade", disse à AFP por videochamada o diretor de Saúde da região amazônica de Loreto, Carlos Calampa, uma das mais afetadas pelo novo coronavírus no Peru.

Calampa afirmou que a falta de oxigênio é um problema sério porque as comunidades amazônicas já somam 14 indígenas mortos por coronavírus e centenas de contagiados.

"Não vamos precisar de oxigênio só para Iquitos (principal cidade da região), mas para a periferia; enviá-lo a Nauta, Requena, Yurimaguas seria difícil pela falta de transporte pelos rios", informou o médico.

Na Amazônia peruana praticamente não há estradas e o principal meio de transporte é o fluvial.

Em Loreto, onde nasce o rio Amazonas, "temos 193 profissionais contagiados e 12 falecidos. Fica muito difícil montar equipes de ação rápida na região", disse Calampa.

Nos corredores do hospital de Iquitos, vê-se os pacientes ligados a balões de oxigênio de cor verde.

Em Requena, um caixão apareceu em um lixão, segundo imagens exibidas na TV,

Na cidade de Iquitos, um balão de oxigênio é vendido entre 880 e 1.470 dólares, preços elevadíssimos em relação ao de antes da pandemia, segundo líderes comunitários.

Loreto fica na remota fronteira com Brasil, Colômbia e Equador. É a região mais extensa e povoada do Peru. Ali foram reportados ao menos 2.107 casos de COVID-19 e 95 falecidos.

Na região, muito poucas comunidades têm água potável. Em algumas aldeias, as pessoas fazem máscaras com folhas de bananeira para se proteger.

"Temos a comunidade de Bellavista Callarú, que é a mais atingida pela pandemia. Foram reportadas sete pessoas falecidas, estamos muito preocupados", disse à AFP Francisco Hernández Cayetano, líder da Federação de Comunidades Ticuna e Yaguas do Baixo Amazonas, em Loreto.

Ele explicou que a aldeia de Callarú, com mais de 2.000 habitantes, tem um posto médico desabastecido de medicamentos.

"Precisamos urgentemente de remédios, oxigênio e equipamentos de segurança. Queremos uma ponte aérea", disse Hernández.

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