“Viver em paz pressupõe passar por cima de injustiças, superar os medos imaginários e reais", ele afirma
Paulo Gonçalves é psicólogo do Santa Casa Saúde Piracicaba (Divulgação)
Paz. Uma palavra de apenas três letras, mas de um significado imensurável e necessário nas mais variadas situações da vida sejam elas individual ou coletiva. E porque, na chegada de um novo ano, tantas pessoas pedem pela paz? Para o psicólogo do Santa Casa Saúde Piracicaba, Paulo Gonçalves, a paz pode ser classificada como “um momento temporário, resultado de uma visão superadora que destrói mentiras, inveja, especulação e interesses privados na busca do bem-estar geral e um sentimento de fraternidade”. Então, nada mais revigorante que entrar em uma nova etapa da vida, neste caso, um novo ano, repleto dela: a paz.
“Quando falamos de paz há inúmeros fatores que a envolvem e que, por consequência afetam a nossa saúde. Viver neste mundo conturbado do egocentrismo e da busca desenfreada da própria satisfação, em que a supremacia do ter pelo ser muitas vezes prevalece; manifestações de ódio, violência, terrorismo, faz com que a paz, muitas vezes, pareça ser algo distante e inalcançável, mas não desanime”, ressalta.
De acordo com o Paulo, Freud nos lembra que há três pontos ou lugares por onde a nossa paz nos torna ameaçada: primeiro em nosso corpo, pelo seu declínio e a sua dissolução que não pode ser dispensada de medo e de dor; segundo, o que chega do mundo externo, como raios, enchentes, terremotos, vírus, etc...E o terceiro e principal, o sofrimento das relações com os outros seres humanos e a nossa incapacidade de se relacionar com os outros. “Por mais amor que existe, a paz está sempre ameaçada”.
“Viver em paz pressupõe passar por cima de injustiças, superar os medos imaginários e reais, olhar o outro para alem das aparências, superar pré-conceitos para estar em sintonia consigo mesmo. Não há paz em outro lugar a não ser em seu coração, e em todos os seus órgãos essencialmente nos dez órgãos do sentido”, ressalta o psicólogo.
Para quem busca a tão sonhada paz, Paulo elenca condições essenciais como ser justo, ético, fraterno, saber perdoar e dialogar, respeitar às diferenças individuais e, acima de tudo, ser grato. “Apesar de todas essas dificuldades, há sempre possibilidades de alcançá-la, cada um a seu modo, em seu tempo. Há vários caminhos para encontrá-la independente de condições econômicas, cor, raça, gênero, status social, deficiência, nacionalidade”, enfatiza.
Segundo Paulo, todas as religiões têm como meta propor a paz interior a todos que as seguem por intermédio do método introspectivo nos levar a um estado de consciência do nosso mundo interno, a harmonia do mundo material com o espiritual. “A paz pode ser alcançada na mais clara consciência, como na mais profunda inocência. É Importante ressaltar que o autoconhecimento, por meio de ajuda profissional, pode nos libertar de grandes entraves e o preconceito às terapias pode ser grande obstáculo para encontrar a tão desejada paz”, finaliza.