Por engajamento, Nok sacrificou seu trabalho para tratar os manifestantes de Hong Kong na linha de frente
Por engajamento, Nok sacrificou seu trabalho para tratar os manifestantes de Hong Kong na linha de frente. Um ano após o início do movimento, guarda cuidadosamente seus kits de prontos-socorros, convencido de que os ativistas pró-democracia ainda precisarão dele.
Foi pela televisão que o enfermeiro de 29 anos, que aceita informar apenas seu primeiro nome, acompanhou a grande manifestação de 9 de junho de 2019, a que marcou o início da contestação política mais importante da antiga colônia britânica desde sua devolução em 1997.
À época, os manifestantes denunciavam o projeto de legalizar as extradições para a China continental, que mais tarde foi enterrado.
Nos meses precedentes, houve pequenas manifestações, mas a multidão de 9 de junho estava além da medida, a ponto de ser apelidada de "a marcha de um milhão".
Três dias depois, Nok estava presente em frente ao Conselho Legislativo (LegCo), o Parlamento de Hong Kong, para tratar manifestantes afetados pelo gás lacrimogêneo e por balas de borracha.
Quatro dias depois, ocorreu uma nova manifestação, "a marcha dos dois milhões".
Nok foi rapidamente incorporado a um grupo organizado de paramédicos que intervinham em cada manifestação, à medida que o movimento aumentava cada vez mais suas demandas para denunciar o declínio das liberdades e a crescente interferência da China.
Muitos dos feridos se recusavam a ir para o hospital por medo de serem fichados, ou presos.
Portanto, esses agentes da saúde os encaminhavam para clínicas clandestinas, onde médicos e cirurgiões que aderiram à causa atuavam.
Ao longo das semanas, ficou cada vez mais difícil para Nok conciliar seu trabalho e seu engajamento. Então, em agosto, pediu demissão.
"Achei que não poderia fazer as duas coisas. Se houvesse uma manifestação, não poderia ir", disse ele à AFP.
O movimento continuou a crescer até o triunfo dos pró-democracia nas eleições locais em novembro. Teve de parar, contudo, em função das restrições ordenadas no início deste ano para combater o novo coronavírus.
As ações aumentaram um pouco nas últimas semanas, principalmente contra outra lei de segurança.
Na semana passada, milhares de pessoas enfrentaram a proibição de manifestações para marcar o 31º aniversário da repressão da Praça da Paz Celestial.