INTERNACIONAL

Protestos acendem faíscas na Venezuela, mas Maduro mantém fogo sob controle

Vários, mas pequenos, protestos acendem faíscas na Venezuela, em razão da falta de gasolina e da precariedade dos serviços básicos

AFP
09/10/2020 às 09:26.
Atualizado em 24/03/2022 às 11:01

Vários, mas pequenos, protestos acendem faíscas na Venezuela, em razão da falta de gasolina e da precariedade dos serviços básicos. No entanto, enfatizam os analistas, esta insatisfação crescente não representa um "risco" para o presidente Nicolás Maduro a dois meses de eleições legislativas questionadas.

Cerca de 5.800 protestos foram contabilizados este ano pelo Observatório de Conflitos Sociais da Venezuela: 55% deles, devido a falhas de serviços públicos, como eletricidade, água e gás de cozinha; e 18%, por falta de combustível.

Segundo o diretor da organização, Marco Ponce, trata-se de "uma resposta nacional" à devastadora crise que atravessa o país caribenho.

Apesar dos apelos às ruas em meio à pandemia da covid-19, a oposição não foi capaz de dar uma direção política às manifestações e massificá-las como ocorreu em 2014, 2017, ou 2019, momentos de mobilizações massivas contra Maduro.

"Como não estão articulados, (os protestos) não são fortes o suficiente para causar um risco relevante para o governo", disse à AFP o diretor do instituto Datanálisis, Luis Vicente León.

Já Maduro avança para as eleições de 6 de dezembro para renovar o Parlamento, o único poder nas mãos de seus adversários.

Apoiado pelos principais partidos políticos da oposição, Juan Guaidó, líder parlamentar reconhecido como presidente da Venezuela por 50 países, anunciou um boicote à votação - uma "farsa", segundo ele. A legitimidade do processo eleitoral também é questionado por Estados Unidos e União Europeia.

Ponce antevê o "início de uma onda de protestos" em uma Venezuela afogada pela hiperinflação, pela desvalorização de sua moeda - o bolívar - e por quase sete anos de recessão.

Bloqueios de ruas, concentrações e panelaços são comuns em grandes regiões, embora sem ter um grande eco em Caracas.

Desde que a quarentena pelo novo coronavírus foi decretada em março passado - e que segue em vigor com as flexibilizações -, a crise social aumentou, mas as manifestações políticas perderam força.

A multidão que acompanhou Guaidó quando ele foi proclamado presidente interino em 2019 ficou no passado.

E a oposição também sofreu divisões. Votar, ou se abster, tem sido um dilema para as eleições para a Assembleia Nacional, que parecem inevitáveis depois que a União Europeia fracassou em seus esforços para adiá-las.

Essas eleições encerrarão o mandato dos parlamentares chefiados por Guaidó: 5 de janeiro de 2021.

Esta semana, Guaidó pediu apoio a um protesto nacional de professores, exigindo melhores salários. A resposta foi tímida, porém, repetindo-se a imagem dos últimos tempos: múltiplas manifestações por todo país, mas com modesto comparecimento.

"A capacidade de mobilização da oposição neste momento é praticamente nula", disse León.

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