INTERNACIONAL

Progressos e esperança para casos graves de covid-19

Desde o início da pandemia, a medicina avançou para melhorar o tratamento dos pacientes mais graves com covid-19, o que pode salvar vidas - afirmam especialistas ouvidos pela AFP nos Estados Unidos e na França

AFP
08/09/2020 às 08:37.
Atualizado em 25/03/2022 às 08:27

Desde o início da pandemia, a medicina avançou para melhorar o tratamento dos pacientes mais graves com covid-19, o que pode salvar vidas - afirmam especialistas ouvidos pela AFP nos Estados Unidos e na França.

"A sobrevida melhorou consideravelmente nos Estados Unidos, em todas as faixas etárias", diz Daniel Griffin, chefe de doenças infecciosas da ProHEALTH, que reúne mil médicos presentes em 22 hospitais da região de Nova York.

A primeira área desses avanços são os medicamentos. Desde junho, muitos estudos demonstraram os benefícios dos corticoides para os pacientes gravemente doentes.

De acordo com uma série de estudos publicados em 2 de setembro no periódico médico americano Jama, esses medicamentos reduzem a mortalidade em 21% após 28 dias entre pacientes que sofrem de uma forma grave de covid-19, ao combater a inflamação.

Nenhum outro medicamento mostrou um efeito significativo na redução da mortalidade, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a recomendar o "uso sistemático de corticoides em pacientes portadores da forma severa, ou crítica," da doença.

"É um tratamento que poderá salvar vidas", afirma o doutor Djillali Annane, do Hospital Raymond Poincaré, a oeste de Paris, e coautor de um desses estudos.

O dr. Marc Leone, da Sociedade Francesa de Anestesia e Reanimação, aponta outra mudança.

"Agora, fornecemos anticoagulantes muito antes e de forma muito mais agressiva", relata o dr. Leone. O objetivo é prevenir a formação de coágulos sanguíneos, uma das complicações graves.

Em geral, agora "tratamos esses pacientes com um número muito mais limitado de medicamentos específicos", de acordo com Griffin.

Assim, em muitos países, a hidroxicloroquina foi negligenciada, um tratamento que é objeto de grande polêmica global e sobre o qual nenhum estudo de peso comprovou sua eficácia.

Também se avançou nos cuidados respiratórios prestados aos pacientes de terapia intensiva.

"No início, intubávamos os pacientes muito rapidamente. Agora, fazemos todo o possível para evitar isso", resume Kiersten Henry, enfermeira do Hospital MedStar em Olney, no estado americano de Maryland.

A intubação consiste em inserir um tubo na traqueia do paciente para conectá-la a um aparelho de respiração artificial. Embora seja indispensável em alguns casos, esse gesto invasivo pode levar a complicações, incluindo infecções.

"Rapidamente nos demos conta de que os pacientes que submetíamos a um respirador artificial tinham muito poucas chances de sobreviverem", lembra Griffin.

Na Alemanha, um estudo publicado no final de julho na revista The Lancet mostrou que 53% dos pacientes conectados a um respirador artificial morreram e que esse número disparou para 72% entre aqueles com mais de 80 anos.

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