Sarah Lloyd empurra a forragem para alimentar sua vacas leiteiras enquanto seu cachorrinho Pepperoni segue seus passos. Afirma que não votou no presidente Donald Trump em 2016 e que não votará agora, o que a torna um caso atípico no condado rural de Wisconsin, onde mora.
A fazenda de sua família está localizada no sopé de uma colina verde no condado de Juneau, distrito que na última eleição deu uma guinada surpreendente depois de votar duas vezes no democrata Barack Obama, apoiando Trump em 2016.
Este condado rural pode esconder a chave para a disputa de 3 de novembro entre Trump e o candidato democrata Joe Biden, já que desde 1964 a votação aqui coincide com o vencedor em nível nacional.
Mas faltando menos de três meses para eleição, as opiniões são voláteis e o prognóstico é incerto.
"Por mais que essas áreas rurais tenham se voltado para o Partido Republicano e para Trump, as cidades são muito menos republicanas", explica Charles Franklin, diretor da Marquette Law School Poll.
"Essas são algumas das divisões no estado" de Wisconsin, uma demarcação importante que Trump venceu por pouco em 2016.
Para Lloyd, que é membro de um sindicato de agricultores e professora universitária, "Trump capitalizou o fato de que as pessoas nas áreas rurais estão sofrendo economicamente".
"Os democratas não entenderam que têm de nos apresentar propostas", lamenta esta delegada democrata que votou nas primárias no progressista Bernie Sanders e que lembra que em 2016 Hillary Clinton não fez campanha em Wisconsin.
A guerra comercial com a China afetou os agricultores de soja da região, e Lloyd está feliz que Trump tenha liberado bilhões de dólares em ajuda aos agricultores, já que de outra forma muitos teriam falido.
"Mas não vou votar em um misógino, racista e fascista", diz.
Tony Kurtz, um representante republicano na Assembleia de Wisconsin, explica que nesta zona as pessoas não votam tanto no partido, mas mais na pessoa.
Seu distrito inclui Juneau e também parte do condado vizinho de Sauk, onde Trump venceu por 109 votos, dos cerca de 30.000 votos.
Em pleno calor do verão (hemisfério norte), Kurtz e seu rival democrata participam de um imenso churrasco onde mais de mil galinhas passam pelas brasas para serem distribuídas em um evento beneficente, respeitando o distanciamento social pela pandemia.
Esse tipo de cooperação é rara em um país marcado por profundas divisões partidárias.