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Procurador-geral suíço renuncia por gestão no 'FIFAgate'

O procurador-geral suíço, Michael Lauber, questionado por sua gestão do escândalo de corrupção conhecido como "FIFAgate", apresentou sua demissão nesta sexta-feira (24), anunciada em um comunicado

AFP
24/07/2020 às 11:27.
Atualizado em 25/03/2022 às 18:18

O procurador-geral suíço, Michael Lauber, questionado por sua gestão do escândalo de corrupção conhecido como "FIFAgate", apresentou sua demissão nesta sexta-feira (24), anunciada em um comunicado.

Lauber, suspeito de conluio com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, depois de uma série de reuniões informais com este último, afirmou ter renunciado "no interesse das instituições".

O procurador foi afastado no ano passado da investigação do escândalo de corrupção na FIFA, devido a seus contatos não declarados, mas revelados pela mídia, com o presidente da instância.

Além disso, foi punido com uma redução salarial de 8% ao ano pela Autoridade de Supervisão do Ministério Público Suíço (AS-MPC) por ter mentido e "dificultado" a investigação disciplinar sobre sua pessoa.

Sua renúncia se segue à decisão do Tribunal Administrativo Federal (TAF), ao qual o próprio Lauber recorreu para denunciar as sanções que lhe foram impostas.

Em um comunicado divulgado nesta sexta, o TAF confirmou, "em essência, as falhas no dever do procurador-geral, em particular no que se refere ao terceiro encontro com o presidente da FIFA, também considerado pelo tribunal como uma violação grave dos deveres do cargo".

Ao observar que nenhum dos participantes da reunião de 16 de junho de 2017 tem lembranças daquele momento, o TAF afirmou que "um caso como esse de amnésia coletiva revela uma aberração".

O TAF também inclui entre suas conclusões que o procurador-geral "atentou contra a reputação" do MP.

"Respeito a decisão do Tribunal Administrativo Federal. No entanto, mantenho minha firme rejeição à acusação de ter mentido", disse Lauber no comunicado de sua demissão.

A AS-MPC decidiu em 2019 abrir uma investigação após as revelações da mídia suíça sobre uma reunião não declarada em 2017 entre Infantino e Lauber. Este último alegou não ter qualquer lembrança do encontro. Os dois primeiros encontros entre ambos em 2016 foram revelados pelo Football Leaks, em 2018.

A FIFA nunca negou as reuniões entre os dois homens, explicando que a finalidade delas era mostrar que o órgão estava "disposto a colaborar com a Justiça suíça".

A falta de clareza jurídica em que esses encontros aconteceram levanta, no entanto, suspeitas sobre um possível conluio entre a FIFA e a Justiça.

A renúncia de Michael Lauber está longe de acabar com essa "novela" judicial. No total, mais de 20 processos relacionados à FIFA abertos nos últimos cinco anos ainda não tiveram um desfecho.

apo/cf/dif/iga/psr/aa/tt

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