Diante dos protestos crescentes, o governo do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko utiliza diferentes táticas, que vão desde o assédio policial, prisão ou até mesmo o exílio, para tirar de jogo as figuras mais destacadas da oposição
Diante dos protestos crescentes, o governo do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko utiliza diferentes táticas, que vão desde o assédio policial, prisão ou até mesmo o exílio, para tirar de jogo as figuras mais destacadas da oposição.
A última opositora de peso que ainda estava em liberdade, Maria Kolesnikova, foi detida nesta terça-feira (8), após tentar fugir para a Ucrânia. Segundo seus apoiadores, ela na verdade havia sido "sequestrada" no dia anterior no meio da rua e as autoridades quiseram se desfazer dela enviando-a ao país vizinho à força.
Foi então, depois que ela resistiu, que Minsk decidiu prendê-la, segundo as autoridades ucranianas. Uma nova etapa de uma ofensiva iniciada em maio.
Em maio, começou a campanha para as eleições presidenciais de 9 de agosto. Contrariamente às eleições anteriores, vários candidatos anti-Lukashenko ganharam muito apoio popular.
Entre eles, dois se destacavam: Serguei Tikhanovskay, um "youtuber" que se tornou muito popular por denunciar a corrupção do poder, e um ex-banqueiro, Viktor Babariko. Tudo indicava que superariam a difícil barreira dos 100.000 patrocínios necessários para se candidatar.
Mas, em 29 de maio, Tikhanovskay foi abordado por dois policiais na rua em pleno ato com seus apoiadores. Um dos policiais caiu, o que resultou na prisão do youtuber, acusado de "violência".
Em 18 de junho, foi a vez de Babariko ser preso. Minsk o acusou de ser o líder de um "grupo organizado" que, no banco Belgazprombank dirigido por ele, cometeu fraudes e lavagem de dinheiro. Ambos continuam na prisão desde então.
"Nossa sociedade não está preparada para votar em uma mulher", se gabou Alexander Lukashenko quando Svetlana Tikhanóvskaya anunciou que substituiria seu marido.
Ela decidiu formar uma coalizão com outras duas mulheres: a esposa de outro candidato que optou pelo exílio no final de julho, Veronika Tsepkalo, e Kolesnikova, diretora de campanha de Babariko. Para surpresa geral, o movimento ganhou força e os comícios opositores reuniram dezenas de milhares de pessoas.
Nos últimos dias de campanha, cerca de dez de seus colaboradores foram presos. Veronika Tsepkalo depois se juntou a seu marido no exílio.
Após as eleições, que Lukashenko afirma ter ganhado com 80% dos votos, as manifestações estouraram em todo o país e foram violentamente reprimidas.
Na tarde de 10 de agosto, o dia seguinte à eleição, Svetlana Tikhanóvskaya desapareceu após ficar horas detida na sede da Comissão Eleitoral.